Bolsonaro escala seu time

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) promete anunciar até o fim do mês seu ministério completo e os ocupantes dos principais cargos da área econômica. Na quarta-feira (21), ele confirmou Gustavo Bebiano, seu braço direito na campanha, como ministro-chefe da Secretaria da Presidência e André Almeida Mendonça como Advogado Geral da União. No dia anterior, foi informado que o deputado federal do Mato Grosso do Sul, Luiz Henrique Mandetta, será o titular do Ministério da Saúde.
Apesar de a lista dos confirmados ter destaques como o responsável pela Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro (o grande nome da Lava Jato) e o ex-astronalta Marcos Pontes, além de nomes polêmicos e três filiados ao Democratas (DEM), o que estaria irritando outros partidos, a atenção do mercado se volta predominantemente para os membros da equipe econômica.
Nessa área Bolsonaro dá sinais de estar cumprindo a promessa de dar carta branca ao “superministro” Paulo Guedes. O responsável pela Economia brasileira a partir de janeiro anunciou na segunda-feira (19), o economista Roberto Castello Branco como presidente da Petrobras e isso contribuiu para reduzir desconfianças internas e externas do mercado investidor. A avaliação é de que Guedes está conseguindo montar uma equipe sólida e de perfil técnico. Tem até gente que já participou dos governos do PT, como o futuro presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Joaquim Levy, ministro da Fazenda de Dilma Rousseff (2015) e secretário do Tesouro de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006).
No Banco Central, Bolsonaro aceitou a sugestão de colocar Roberto Campos Neto, um nome respeitado na área financeira. Já Castello Branco para a presidência da Petrobras foi visto por analistas como um sinal positivo na gestão da política de preços de combustíveis. Porém, mais do que nomes com carreiras importantes, o que o povo quer é que Bolsonaro e a sua equipe econômica façam o Brasil voltar a crescer. O País tem hoje 13 milhões de desempregados.
A realidade, no entanto, é muito pior porque no Brasil falta trabalho para 27,6 milhões de pessoas. É o que mostrou a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse número engloba, além dos desempregados, aqueles trabalhadores subutilizados (com menos de 40 horas de ocupação semanais) e os desalentados (que desistiram de procurar emprego). Ou seja, o Brasil tem uma imensa fatia de pessoas que poderiam ser economicamente ativas, mas, na verdade, vivem de “bico”.
Neste contexto, Bolsonaro ameaça acabar com o Ministério do Trabalho e isso preocupa. A pasta, com 88 anos de atuação, é fundamental na geração de emprego e na defesa dos direitos e garantias constitucionais. O que Brasil precisa momento é de uma política salarial que contemple os menos favorecidas, com desenvolvimento profissional e harmonia entre capital e trabalho. O Brasil e o mundo vivem a chamada revolução industrial 4.0. Assim, devemos nos preparar para formar cidadãos capacitados a exercer as profissões do futuro.
Fazendo uma analogia com o esporte preferido dos brasileiros, pode-se dizer que o time parece bem montado e com “estrelas” midiáticas, mas se os resultados não aparecerem logo, virá a frustração da torcida (no caso, a população) e a culpa será do técnico (no caso o presidente).

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