Vacina é um bem coletivo

Seria cômico se não fosse trágico. Apesar de o brasileiro, mesmo nos momentos mais complicados, ainda manter o bom humor e rir da incompetência dos seus governantes, a vacinação contra a covid-19 no País tem sido vergonhosa. A cada dia surgem notícias de “furas-fila”, gente sem escrúpulo que está passando à frente de outras pessoas dos grupos de risco. Pior: tem ainda quem publica foto nas redes sociais em tom de deboche. Tudo isso em meio à total desorganização dos governos, em todas as esferas: estadual, municipal e federal.
Esse tipo de comportamento acaba penalizando quem realmente precisa ser vacinado com urgência. Não à toa, todos os dias morrem centenas de brasileiros vítimas do novo coronavírus. O que se espera dos nossos governantes é que eles tenham a dignidade de tratar, acima de tudo, a vacina como um recurso escasso e fundamental para combater uma das crises de saúde mais devastadoras da nossa história. Este não é um problema relacionado à política. Muito pelo contrário.
O que queremos é que todos sejam vacinados logo, para que se sintam seguros. Quanto mais cedo melhor, em nome do bem coletivo e da saúde pública.
Estamos em meio a uma guerra. O Estado de São Paulo, por exemplo, tem cerca de 9 milhões de pessoas que teriam prioridade para imunização, incluindo profissionais da saúde, povos indígenas, quilombolas e idosos. Mas não há, nesse momento, quantidade suficiente de doses. Assim, o Centro de Contingência do governo estadual chegou a recomendar a ampliação do intervalo entre as doses da CoronaVac para mais de 28 dias, enquanto ainda há escassez de recursos para a produção de mais vacinas. Essa seria uma tentativa de imunizar mais pessoas com a primeira dose. Porém a decisão final cabe ao Ministério da Saúde.
É uma aposta arriscada, afinal médicos já alertaram sobre a importância de se tomar a segunda dose no prazo estipulado. Estudos apontam que, dessa forma, é possível atingir a eficácia máxima das vacinas.
O grande entrave está no embate político. Na quarta-feira, o Instituto Butantan chegou a ameaçar que, caso o Ministério da Saúde não exerça a opção de compra de mais 54 milhões de doses da CoronaVac, a produção da vacina contra a covid-19 seria enviada para outros países. Isso porque o Butantan fechou acordos prévios que totalizam a venda de 40 milhões de doses para países latino-americanos, incluindo a Argentina. A data limite para o Ministério da Saúde se pronunciar é o fim desta semana. Caso contrário, na semana que vem o Butantan poderá começar a fechar os contratos com esses países.
O Brasil está em uma corrida contra o tempo. Qualquer vacilo pode ser fatal. A Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo, já declarou que a cepa da covid-19 localizada inicialmente no Brasil já se encontra em ao menos oito países, entre eles Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Japão. Se o vírus continuar em mutação na velocidade atual, corremos o risco de as vacinas atuais não serem mais capazes de bloquear o avanço da covid-19. Isso seria um desastre sem precedentes.

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