Não é hora de pânico

Após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil em plena terça-feira de Carnaval, a preocupação das autoridades – com razão – é alertar a população sobre as chances de sobrecarga no sistema de saúde. Ou seja, não é preciso criar pânico e, nesse momento, uma corrida a hospitais é desnecessária.
É fato que subiu o alerta quanto ao risco de uma epidemia no País e, por isso, governos estaduais já começaram a colocar em prática planos de vigilância e controle. Mas, para especialistas, o plano federal do Brasil segue protocolo internacional. Assim, a população deve ser tranquilizada. O maior desafio agora será lidar com a defasagem do serviço público de saúde em algumas regiões do País.
É preciso ter cautela. De nada adianta, por exemplo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cobrar que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declare pandemia, admitindo que o vírus infecta pessoas em várias regiões do planeta. No Brasil, por exemplo, especialistas acreditam que a transmissão será mais difícil pelo fato de ser verão no País. A orientação é só buscar atendimento médico se sintomas como febre, tosse e coriza persistirem.
Agora, o que a população precisa é de informação. A taxa de mortalidade do vírus, em média, é de 2% a 3% e as vítimas são principalmente idosos. Ainda é cedo para avaliar os riscos do coronavírus no Brasil, mas não há evidências de transmissão de pessoa a pessoa, além de que o clima quente tende a limitar sua propagação. Hábitos de higiene pessoal também são fundamentais, como lavar as mãos frequentemente e cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar.
Por isso, não é recomendado sair comprando máscaras. O uso desse tipo de material só deve ser feito por quem está com infecções virais. Comprar máscara sem necessidade pode causar desabastecimento do setor. Farmácias do centro de São Paulo já estão sem máscaras cirúrgicas nas prateleiras e muitas não têm previsão de chegada do material. Uma parte das máscaras vendidas no Brasil é comprada da China, que não tem mais exportado o produto.
Quem tiver viagem marcada para Europa ou a Ásia, se possível, evite o norte da Itália e a China. Já foram confirmados 81 mil casos da doença em todo o mundo, de acordo com a OMS. A doença atinge 43 países, além da China, onde o surto teve início. Vale lembrar ainda que a OMS classifica o coronavírus como emergência global, colocando em alerta só países com transmissão interna “consistente”, com mais de cinco infecções dentro do mesmo território.
É inegável também o impacto negativo na economia. No Brasil, a Bolsa de Valores vem acumulando perdas sucessivas. Queda parecida com a atual ocorreu só em maio de 2017, quando vazou gravação do empresário Joesley Batista com o ex-presidente Michel Temer. O setor mais afetado é do das companhias aéreas, pela perspectiva de redução de viagens. O dólar, em contrapartida, continua em alta. Em um cenário de pânico, ninguém tem nada a ganhar.

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