SP merece ser melhor cuidada

Após um viaduto ceder cerca de dois metros na marginal Pinheiros, ao lado da linha de trem da CPTM, na altura do Parque Villa-Lobos, no último dia 15, são muitas as dúvidas sobre a segurança nas ruas da cidade, que viraram motivo de preocupação. Não à toa, o Ministério Público instaurou segunda-feira (26) inquérito para apurar os motivos de a Prefeitura ter usado apenas 5% do orçamento destinado à conservação e manutenção de pontes e viadutos do município. A previsão, para 2018, era gastar R$ 44,7 milhões, mas até agora somente R$ 2,4 milhões foram usados.
É correto o argumento do MP de que os governantes têm a obrigação de cumprir a previsão orçamentária e aplicar corretamente os recursos arrecadados. A prova concreta disso é que o viaduto cedeu.
São Paulo vive uma situação que beira a calamidade pública no quesito manutenção dos seus equipamentos. Levantamento do MP apontou que a cidade tem mais de 180 pontes e viadutos com sérios problemas estruturais e que necessitam de manutenção. É inadmissível que obras de conservação de pontes e viadutos sejam relegadas a segundo plano. Pior é constatar que as vistorias feitas pela Prefeitura foram insuficientes para evitar que um viaduto cedesse numa via tão importante da capital.
Diante da situação emergencial, o Tribunal de Contas do Município (TCM) liberou na quarta-feira (28) que a gestão do prefeito Bruno Covas contrate, sem licitação, empresa para fazer o diagnóstico do estado de 185 viadutos e pontes de São Paulo. Isso, no entanto, não é um cheque em branco dado pelo tribunal ao tucano. Os conselheiros decidiram que a prefeitura terá de apresentar justificativas individuais de engenheiros comprovando a necessidade das vistorias urgentes de cada uma das pontes e viadutos.
Não há uma relação direita com possíveis obras. A autorização de quarta-feira é apenas para fazer os diagnósticos. O próprio TCM é quem vai, depois, analisar a necessidade de cada viaduto em caso de obra.
O problema é antigo e não se restringe à administração de Bruno Covas, que assumiu a Prefeitura há 8 meses depois que João Doria renunciou ao cargo para concorrer ao governo do Estado. A Prefeitura já deveria ter criado, em 2007, um programa de manutenção de pontes e viadutos. Chegou até a firmar com o Ministério Público um acordo, que não foi cumprido. Agora, corre o risco de ter de pagar multa de mais de R$ 34 milhões.
Vale ressaltar ainda levantamento feito pelo Sindicato das Empresas de Arquitetura e Engenharia no ano passado que apontou que 73 pontes e viadutos de São Paulo tinham, à época, problemas estruturais. A lista de avarias é extensa e inclui concreto se desfazendo, buracos, ferrugem, infiltração, vegetação nas juntas e concreto da estrutura e vigas de aço expostas. Tudo isso em locais centrais, com grande fluxo de pedestres e veículos.
O paulistano paga impostos altíssimos e merece que a Prefeitura cuide melhor da cidade. Fazer bem o serviço de zeladoria do município é o mínimo que se espera de quem governa a cidade mais rica do Brasil, independentemente da crise econômica enfrentada pelo País, afinal, não falta dinheiro para esse tipo de serviço, já está reservado no orçamento do município.

Check Also

Pandemia não está no ‘finalzinho’

Por mais que o presidente Jair Bolsonaro tenha afirmado, ainda em dezembro, que o Brasil …

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *