Prefeito tem de “prefeitar”

Levantamento feito pelo portal UOL publicado na terça-feira (22) revelou que João Doria (PSDB) é o prefeito de São Paulo com menos projetos enviados à Câmara dos Vereadores nos últimos 32 anos. A reportagem levou em conta dados do portal da Câmara e foram considerados projetos enviados aos vereadores até o dia 8 de agosto do primeiro ano de cada mandato.Doria apresentou até agora dez projetos aos vereadores. Cada matéria é discutida na Câmara e pode ser aprovada ou rejeitada. Em caso de aprovação, vai para sanção ou veto do prefeito.
Para efeito de comparação, o portal UOL publicou uma lista de projetos apresentados pelos antecessores de Doria nos oito primeiros meses de seus mandatos. Jânio Quadros, prefeito entre 1985 a 1988, por exemplo, encaminhou 56 matérias à Câmara até o dia 8 de agosto. Já Luiza Erundina teve 33 projetos; Paulo Maluf (86), Celso Pitta (33), Marta Suplicy (46), José Serra (13), Gilberto Kassab (18) e Fernando Haddad (25).
É evidente que não se pode medir se a gestão de um prefeito é boa ou ruim apenas pelo número de projetos encaminhados à Câmara. Mas esses números de Doria aumentam a sensação de que falta a Doria “prefeitar” mais. Ou seja, exercer mais a função de prefeito, para qual foi eleito no ano passado, ainda no primeiro turno.
Em um mês, de 21 de julho a 21 de agosto, o prefeito foi a Santo André (SP) e viajou a Barretos (SP), Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraná e Tocantins, além da China. Nos bastidores, as viagens são vistas como a agenda de pré-candidato de Doria à presidência da República no próximo ano. Tanto tempo longe da Prefeitura tem incomodado os aliados de Geraldo Alckmin, governador do Estado e padrinho político de Doria. Não custa lembrar que Alckmin tem o desejo de se candidatar a sucessor de Michel Temer (PMDB) em 2018.
Segundo Doria, ele viaja tanto pelo País por causa da Frente Nacional de Prefeitos. O tucano é vice-presidente do órgão e alega que precisa conhecer os problemas nacionais e defender em Brasília a Frente Nacional de Prefeitos. Doria, inclusive, garante que não será candidato à presidente no próximo ano.
Assim como não se pode medir se a gestão de um prefeito é boa ou ruim apenas pelo número de projetos à Câmara, também não se deve usar como único parâmetro a quantidade de viagens. O fundamental é que tantos os projetos como as viagens sejam importantes para a cidade. Doria não foi eleito para conhecer os problemas nacionais e defender a Frente Nacional de Prefeitos. Toda e qualquer viagem de Doria, seja dentro do Brasil ou no exterior, tem de ser produtiva para São Paulo. O prefeito tem de voltar para a cidade com projetos para apresentar à apreciação dos vereadores na Câmara Municipal e que sejam relevantes para os paulistas.
Doria foi eleito justamente por se apresentar como um gestor, diferente dos políticos velhos conhecidos da população. Por isso, tem de honrar cada voto que recebeu e cuidar bem de São Paulo. Viajando pouco ou muito, tem de “prefeitar”.

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