Em defesa da democracia

As eleições do último domingo (7) definiram que Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) vão disputar o segundo turno à Presidência da República. O capitão reformado do Exército recebeu 49 milhões de votos (46%), enquanto o ex-prefeito de São Paulo teve 31 milhões (o equivalente a 29%).
O segundo turno está marcado para o dia 28. Serão três semanas de intenso confronto entre os dois, porém o mais importante, neste momento, é a defesa da democracia, sobretudo porque tivemos várias controvérsias envolvendo as campanhas eleitorais dos dois candidatos que podem colocar o futuro do País em xeque.
O general Hamilton Mourão, candidato a vice na chapa liderada por Bolsonaro, afirmou no mês passado, por exemplo, que a Constituição brasileira de 1988 foi um erro. O militar disse ainda que a elaboração de uma Constituição nova não precisava ser feita por eleitos pelo povo, e sim por um conselho de notáveis. General Mourão também admitiu a possibilidade de o presidente da República perpetrar o chamado autogolpe.
Essas declarações fizeram com que críticos à candidatura de Bolsonaro, principalmente as líderes do movimento #EleNão, passassem a se preocupar com a democracia brasileira caso o deputado federal seja eleito presidente. Não custa lembrar que a Constituição Cidadã, que completou recentemente 30 anos, garante a nossa democracia.
Em entrevista à TV Globo, na segunda-feira (8), Bolsonaro desautorizou o seu candidato a vice e disse que jamais admitiria uma nova Constituinte. O deputado ainda reafirmou que disputa as eleições porque acredita no voto popular e que será “escravo da nossa Constituição”.
Grande parte do eleitorado de Bolsonaro confiou o voto a ele por acreditar que o deputado será capaz de fazer um governo com autoridade caso assuma o Palácio do Planalto. Isso, no entanto, não pode se transformar em autoritarismo. Afinal, foi com muita luta e sangue que o Brasil conseguiu se livrar da ditadura militar.
Já contra Fernando Haddad pesa o fato de o seu programa de governo prever a convocação de uma Assembleia Constituinte para mudar a Constituição. O problema é que não há previsão para isso nem a Constituição permite a convocação de uma Constituinte.
Em sua defesa, o petista afirmou à TV Globo que o partido mudou o seu posicionamento em relação a essa questão. Ele também garantiu que “a democracia está sempre em primeiro lugar”. Haddad disse que pretende fazer apenas reformas de emenda constitucional: tributária, bancária e fim do congelamento de gastos.
No próximo dia 28, o futuro do Brasil e da democracia do nosso País estarão em jogo. É por isso que o eleitor tem de analisar muito bem as propostas e as condutas dos candidatos para votar conscientemente. Não é o momento de votar com ódio ou rancor, mas sim no melhor para o Brasil.

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