‘Eleição’ da rinoceronte Cacareco para a Câmara completa 61 anos

Há 61 anos os eleitores da cidade de São Paulo “elegeram” um rinoceronte para uma cadeira de vereador na Câmara Municipal. O animal, que apesar do nome, Cacareco, era uma fêmea, teve quase 100 mil votos dentro de um universo de 1.120.000 eleitores aptos a votar na capital.
A rinoceronte Cacareco, que nasceu em cativeiro, no Rio de Janeiro, em 1954, foi emprestada pelo zoológico daquela cidade para a inauguração do Zoo de São Paulo, em março de 1958.
Na ocasião, Cacareco foi o grande destaque e o animal mais procurado pelas 200 pessoas que compareceram à cerimônia. Jânio Quadros chegou a dizer que “com o cartaz que está, Cacareco seria um forte candidato aos Campos Elíseos” (referência à sede do governo estadual). A previsão de Jânio estava quase certa: a rinoceronte não concorreria ao governo, mas a um assento na Câmara.
A iniciativa desse voto de protesto foi do jornalista Itaboraí Martins, que na época trabalhava no jornal “O Estado de S.Paulo”, e “lançou” a candidatura do animal para as eleições que aconteceriam no dia 4 de outubro de 1959. Essa ideia representou um voto de protesto da população, que estava insatisfeita com os políticos da época.
Segundo informações da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a tática inicial para compartilhar a candidatura consistia em pichar muros e divulga-lo em programas de debates na televisão.
O movimento foi bem recebido pela população, e algumas gráficas chegaram a imprimir “santinhos” com o nome do animal. Até um jingle foi feito: “Cansados de tanto sofrer / E de levar peteleco / Vamos agora responder / Votando no Cacareco”.
Quando a apuração foi consolidada, a vereadora Cacareco estava “eleita”. Apesar do Tribunal Regional Eleitoral não ter divulgado oficialmente o número de votos recebidos pela rinoceronte, por tê-los classificados como nulos, estima-se que ela tenha recebido cerca de 100 mil votos, quase 10% do universo de eleitores aptos a votar na capital.
Se for levado em conta que compareceram às urnas naquelas eleições 934.794 eleitores, com abstenção de 16,5% deles, o animal teve mais de 10% dos votos válidos daquele pleito.
A votação foi tão expressiva que ela teve mais votos do que qualquer outro dos 450 candidatos às 45 cadeiras da câmara.
campanha foi tão intensa que, até em outras cidades, como em Marília, foram registrados votos para a Cacareco.
O secretário da agricultura do governo do estado na época, José Bonifácio Coutinho Nogueira, tentou comprar Cacareco do zoológico carioca, mas não obteve sucesso. Ele acabaria sendo devolvido ao Rio de Janeiro no dia 1º de outubro, alguns dias antes da eleição paulista.

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