Biológico comemora 92 anos com pesquisa inédita do zika vírus

O Instituto Biológico comemorou seus 92 anos de fundação na segunda-feira (4). A comemoração ocorreu simultaneamente com a 32ª Reunião Anual do Instituto Biológico, evento em que são discutidos temas científicos relacionados, principalmente, a sanidade animal, sanidade vegetal, pragas urbanas e proteção ambiental, além da qualidade da gestão e das análises laboratoriais. Durante a RAIB deste ano, foram apresentados resultados de pesquisa científica inédita desenvolvida no Brasil pelo IB que identificou a presença do zika vírus em bovinos e cervídeos no interior do Estado de São Paulo na forma de pôster.
Segundo Liria Hiromi Okuda, pesquisadora do IB, o Instituto analisou amostras de 3.103 bovídeos, sendo 1.607 bovinos e 56 cervídeos da região Nordeste e Noroeste do Estado de São Paulo, além dos Estados do Pará (845), Mato Grosso (268), Minas Gerais (156), Paraná (2) e Santa Catarina (11) e 158 fetos de diversos Estados brasileiros. A coleta das amostras dos cervídeos foi realizada pelo Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos da Unesp, campus de Jaboticabal.
“A partir das análises moleculares e sorológicas concluímos a infecção pelo vírus zika em cervídeos do Estado de São Paulo. Por sua vez, em bovinos identificamos a exposição prévia a esse agente, evidenciado pelo teste sorológico de virusneutralização. Este é um resultado inédito no País. A pesquisa mostra que esses animais podem ser hospedeiros desse vírus. Precisamos lembrar que a transmissão pelo vírus zika é pela picada do mosquito infectado, portanto, os bovinos podem contribuir na disseminação da doença, apenas se forem picados por esses mosquitos e depois, os mesmos picarem o homem”, explica a pesquisadora do Instituto Biológico.
Segundo Liria, o fato de se ter encontrado o vírus nos animais não significa que houve manifestação clínica da doença. “Os bovinos estavam sadios no momento da colheita das amostras. Entretanto, segundos relatos dos pesquisadores da Unesp, após o resultado das análises moleculares, alguns animais apresentaram febre e ocorreram nascimento de cervídeos abaixo do peso ou natimortos. Precisamos, porém, obter maiores dados para avaliar se esses sintomas foram decorrentes do vírus zika ou se foram problemas pontuais, causados por outros fatores. Esses animais foram negativos para língua azul, doença que causa sintomas semelhantes como febre, baixo peso e natimortalidade”, afirma Liria
A coleta do sangue dos animais foi realizada em fevereiro de 2018, período compatível com a época de maior multiplicação dos insetos. As análises sorológicas foram finalizadas em outubro de 2019. Os resultados preliminares do trabalho serão apresentados na 32ª. Reunião Anual do Instituto Biológico, na forma de pôster.
O IB, da Secretaria de Agricultura, iniciou seus estudos com o objetivo de verificar a ocorrência do vírus zika em animais e sua interface com os humanos em 2016. O Instituto teve projeto de pesquisa aprovado na Chamada MCTIC-CNPq/ MEC-CAPES/ MS-Decit / FNDCT Nº 14/2016 – Prevenção e Combate ao vírus Zika, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), no valor de R$ 956,5 mil. “As arboviroses permeiam tanto a saúde animal como humana e a necessidade de se trabalhar em conjunto trará maior conhecimento acerca do zika e de outras arboviroses contribuindo para uma Saúde Única”, afirma a pesquisadora.
O Instituto Biológico foi fundado em 1927 e nesses 92 anos se tornou referência no Brasil e no exterior em pesquisas científicas na área de sanidade animal, sanidade vegetal, conservação ambiental e pragas urbanas. “O IB é um senhor de 92 anos, com muito gás”, resume Ana Eugênia de Carvalho Campos, diretora do Instituto. Para Ana, o IB tem um histórico de pesquisas extremamente importantes e de grandes contribuições para o agronegócio, porém, isso não ficou no passado, está no presente. “

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