Situação do Rio serve de alerta

A prisão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, na semana passada, é o mais recente capítulo do roteiro que levou o Estado ao fundo do poço. Antes de Pezão, já haviam sido presos o ex-governador Sérgio Cabral e o deputado estadual Jorge Picciani, ex-presidente da Assembleia Legislativa, entre outros. Até conselheiros do Tribunal de Contas do Rio, responsáveis por fiscalizar as finanças do Estado, foram parar na cadeia.
As prisões em série, sem precedentes, fazem do Rio um Estado em decomposição. A acusação da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, é de que Pezão “integra o núcleo político de uma organização criminosa que, ao longo dos últimos anos, cometeu vários crimes contra a administração pública”.
Pezão teria recebido mais de R$ 25 milhões em propina entre 2007 e 2015, segundo a PGR. De acordo com o delator Carlos Miranda, o governador ganhava uma mesada de R$ 150 mil. A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Rio já aprovou na terça-feira (4) pedido de abertura de impeachment contra Pezão e seu o vice, Francisco Dornelles.
A situação do Estado do Rio não se restringe aos crimes cometidos por Pezão e Cabral. Também na terça-feira, o ex-governador Anthony Garotinho, condenado a quatro anos e meio de prisão por formação de quadrilha, teve a sua condenação mantida. A acusação é de que Garotinho fazia parte de um esquema de corrupção envolvendo delegados que recebiam propina para facilitar a exploração de jogos de azar no Estado.
Há muitos anos, os governantes têm saqueado os cofres públicos do Rio. Aproveitaram eventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, que deveriam servir para alavancar o Estado a outro patamar, para, na verdade, enriquecerem ilicitamente. Não à toa, o Rio está na situação de penúria atual. Os serviços de saúde e transporte oferecidos à população são péssimos. Sem contar, é claro, a segurança pública, área na qual o Estado precisou pedir socorro ao governo federal. Mesmo assim, o cenário de guerra civil ainda não está resolvido. Para piorar, o presidente eleito Jair Bolsonaro já sinalizou que não pretende manter a intervenção federal no Estado.
O Rio tem que ser passado a limpo. Há dezenas de áreas da administração pública que precisam ser esclarecidas. São ambiguidades, pontos obscuros, contradições e omissões das autoridades.
Do jeito que está, o Estado virou uma “terra sem lei”. Chegou ao ponto de milicianos construírem prédios de luxo em uma área de proteção ambiental na Zona Oeste. Os criminosos tiveram a audácia de anunciar os apartamentos em imobiliárias, que admitiram as ilegalidades e até oferecem financiamento com a milícia. Se não bastassem tantas provas da ousadia dos criminosos, o roubo de 50 peças do acervo do Paço Imperial depois que um caminhão foi assaltado na Via Dutra, na Baixada Fluminense, indignou os cariocas que, desesperados, esperam uma ação efetiva das autoridades da área de segurança.

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