Democracia não se faz com ódio

O ataque sofrido pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) na quinta-feira (6) foi um dos piores capítulos da recente história da democracia no Brasil. O candidato à Presidência da República levou uma facada na barriga durante ato de campanha no Centro de Juiz de Fora (MG).
A situação clínica de Bolsonaro é considerada satisfatória pelos médicos, mas ainda inspira cuidados. Na terça-feira (11) , ele recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, mas necessitará de uma nova cirurgia delicada em dois ou três meses para “reconstruir o trânsito intestinal e retirar a bolsa de colostomia”. Além disso, durante a internação há sempre o risco o risco de infecção e trombose venosa,
O Ibope divulgou na terça-feira (11) o resultado da mais recente pesquisa de intenção de voto na eleição presidencial e Bolsonaro lidera com 26%. Vale destacar que a pesquisa ouviu 2.002 eleitores entre sábado (8) e segunda-feira (10). Ou seja, depois do atentado sofrido pelo deputado. O curioso é que Bolsonaro lidera também na taxa de rejeição (candidatos nos quais o eleitor diz que não votará de jeito nenhum), com 41%.
Bolsonaro deve continuar internado por mais sete dias. A retomada das atividades de campanha só deve ocorrer daqui 20 dias. Isso significa que o candidato praticamente não participará mais de atos de campanha até o primeiro turno, marcado para o dia 7 de outubro. O candidato é criticado pelos seus adversários por incentivar o chamado “discurso do ódio” durante a campanha. Nada, no entanto, justifica o atentado sofrido pelo deputado. A violência não pode nunca ser usada como forma de confrontar as ideias daqueles que têm pensamentos opostos.
Adélio Bispo de Oliveira, preso por dar a facada em Bolsonaro, afirma que cometeu o atentado por se sentir “literalmente ameaçado” pelo candidato do PSL, e que o ataque teve motivações políticas e religiosas. Adélio está preso por atentado pessoal por inconformismo político e tem de pagar pelo crime que cometeu.
Isso é reflexo da intolerância que parece ter tomado conta da sociedade brasileira nos últimos anos. As pessoas simplesmente não conseguem conviver com quem pensa diferente. Assim como também é um erro a campanha de Bolsonaro tentar usar a facada para tentar promover a sua candidatura. A fotografia em que o deputado simula segurar uma arma com as mãos dentro do leito do hospital, ligado a aparelhos, é de extremo mau gosto. Da mesma maneira que o vídeo divulgado pelo senador Magno Malta (PR-ES) com Bolsonaro ainda grogue, horas depois do atentado.
Nesse hora, é necessário ter cautela. O Brasil não precisa de radicalismo ou atitudes extremistas. As pessoas querem emprego, saúde e educação. É evidente que a segurança é fundamental, mas não é com mais violência que se combate a violência. A campanha eleitoral serve para os candidatos apresentarem as suas propostas para melhorar o País, e não para ficarem trocando acusações em entre si. Isso só contribuiu para o aumento do clima bélico que estamos enfrentando.

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