Cerco se fecha contra Temer

O cerco está se fechando contra o presidente Michel Temer. Na semana passada, o amigo e ex-assessor de Temer, José Yunes, o ex-ministro Wagner Rossi (Agricultura), o dono da empresa portuária Rodrimar, Antônio Celso Grecco, e o coronel da reserva da PM de São Paulo João Baptista Lima Filho, também amigo de de Temer, foram detidos pela Polícia Federal. O objetivo da prisão foi coletar provas para o inquérito que investiga se Temer editou um decreto a fim de favorecer empresas portuárias em troca de propina.
Na noite de sábado, após decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), os presos temporários alvos da Operação Skala foram soltos e, assim, puderam passar a Páscoa em casa. Os amigos de Temer relataram que ficaram em celas com vasos sanitários, mas que as descargas só eram acionadas duas vezes por dia. Eles também foram obrigados a escovar os dentes nos vasos, já que os banheiros na Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo não tinham pias. As condições a que eles foram submetidos não são as ideais, mas, infelizmente, a maior parte dos presos no Brasil está em situações bem piores, muitas vezes em celas superlotadas.
A suspeita é de que Temer recebeu oferta de dinheiro para criar decretos ou dispositivos legais em benefício das empresas que atuam no setor portuário. Esse dinheiro, inclusive, poderia ter sido entregue ao presidente como doação para a campanha eleitoral. Assim, se configuraria como doação formal ou caixa dois.
Entre os elementos já encontrados pelos investigadores há uma “planilha contábil em que aparecem, como recebedores de recursos das empresas Libra, Rodrimar e Multicargo as siglas MT, MA e L. Pela ordem, seriam o presidente Michel Temer, Marcelo Azeredo, presidente da Codesp entre 1995 e 1998, indicado por Temer, e o amigo pessoal de Temer, coronel Lima.
Todos os investigados negam qualquer ato ilícito. O presidente Temer, inclusive, teria ficado “estupefato” e “muito aborrecido” com a prisão de seus amigos de acordo com relatos de pessoas próximas a ele. Em discurso a comerciantes brasileiros e árabes, em São Paulo, na segunda-feira (2), por exemplo, Temer disse que seu governo sofreu “embaraços e oposições”.
Vale lembrar que, no ano passado, o presidente foi alvo de duas denúncias oferecidas pelo então procurador-geral Rodrigo Janot. A acusação era de que Temer havia cometido os crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça após delações de executivos do grupo J&F. Em duas votações o plenário da Câmara dos Deputados decidiu suspender os efeitos da denúncia até o fim do mandato de Temer.
Agora, o cenário é diferente. A pressão em cima do presidente é maior e a sua base de aliados no Congresso Nacional diminuiu. Prova disso é que Temer não conseguiu aprovar a Reforma da Previdência.
Pré-candidato à reeleição, o presidente tem atuado em duas frentes. A primeira é buscar apoio e, consequentemente, votos, já que a sua popularidade é baixíssima. A outra é se reunir quase que diariamente com seus advogados para montar a sua estratégia de defesa nos tribunais. Enquanto isso, a taxa de desocupação voltou a crescer e o Brasil passou a ter 13,1 milhões de desempregados, segundo pesquisa divulgada pelo IBGE. Nada é por acaso.

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