População colhe café direto do pé na Vila Mariana

Pais e filhos, crianças e idosos, diferentes gerações se reuniram no Dia Nacional do Café, para vivenciar a experiência de colheita dos grãos maduros do fruto e iniciar oficialmente a safra paulista, na 13ª edição do Sabor da Colheita. O evento foi realizado pelo Instituto Biológico, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, com apoio das entidades paulistas do café.

Centenas de pessoas participaram da colheita no cafezal do Instituto Biológico, um dos maiores cafezais urbanos do País, com cerca de dois mil pés de café cultivados em uma área de 10 mil metros quadrados. O cafezal é composto pelas variedades Mundo Novo e Catuaí, desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria, variedades que estão presentes em 90% do parque cafeeiro brasileiro.
A engenheira civil Sibele Soto Francisco, que mora na capital, participou da colheita pela primeira vez, a convite da prima. “Acho interessante para que a população urbana valorize aquilo que vem da natureza. Principalmente as crianças, que não sabem de onde vêm os alimentos”, disse.
Neta de portugueses e espanhois, Sibele conta que seu avô materno veio com a família da Espanha aos nove anos, incentivado pelo governo brasileiro. “Ele se instalou em Santa Rita do Passa Quatro, onde foi trabalhar na lavoura de café. Sempre me contou várias histórias e de uns anos para cá, quis resgatar a história. Já tinha ouvido falar que havia o cafezal em São Paulo e essa experiência é legal para vivenciar a colheita daquela época. Peguei os primeiros grãos e já até guardei alguns para levar de recordação”, comentou, satisfeita com a experiência.
Fellipe Abi Antoun, que começou a trabalhar há três dias em uma indústria de café, concorda. “Essa experiência é muito importante para todos aqueles que queiram participar, é aberta e gratuita ao público. O café é um produto muito importante para São Paulo e para o Brasil. Aqui, é possível ter contato com os grãos, saber como era feita a colheita antigamente e de todo o processo de torra, a qualificação dos grãos. É possível até mesmo plantar uma nova muda aqui. Um evento muito legal para toda a família”, disse.
Parte dos grãos colhidos durante o evento será beneficiada, torrada e encaminhada ao Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (Fussesp), que distribuirá a entidades assistenciais do Estado. Em 2017, o IB doou 214 quilos de café arábica, divididos em 856 pacotes de 250 gramas.

“O café é história. Temos de permanecer sempre juntos, unidos, para continuar com essa produção de alta qualidade”, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo (Sindicafé), Dagmar Cupaiolo.
Para o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, a cafeicultura paulista adquiriu uma imagem muito positiva, graças à atuação da Câmara Setorial do Café, da Secretaria. “Há mais de 15 anos, a Câmara realiza regiões regionais, disseminando conceitos técnicos corretos que abrangem toda a preparação pré e pós colheita e  resultaram em melhoria de qualidade e uma imagem reconhecida nacional e internacionalmente”, afirmou. “O café é uma cultura que está no Brasil há 300 anos e trouxe riqueza e trabalho para nosso País”, finalizou Herszkowicz.
A reconhecida qualidade do café paulista foi impulsionada graças ao trabalho desenvolvido há mais de 90 anos pelo Instituto Biológico. A instituição foi responsável pela introdução da vespa Prorops nasuta, de Uganda em cafeeiros no Estado de São Paulo, conforme contou o diretor Antonio Batista Filho. “Foi uma das primeiras ações de controle biológico do Brasil”, disse.
O trabalho foi relatado na tese “Controle biológico da broca do café, através da liberação da Vespa de Uganda em cafeeiros no Estado de São Paulo”, defendida pelo pesquisador Kiyoshi Yamamoto na Universidade de Tóquio em 1951. “Um exemplar da tese foi doado ao IB e incluído no acervo do Centro de Memória do IB, que tem 340 mil documentos da sanidade animal e vegetal arquivados”, relatou Batista.
Para coroar a iniciativa, foi realizada uma homenagem pelos 110 anos da imigração japonesa ao Brasil, com a entrega de estatuetas do Instituto Biológico ao vice-cônsul do Departamento de Economia do Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca do Japão, Naoki Nakano, e ao neto do pesquisador, Júlio Mikio Yamamoto.
“A pesquisa realizada pelo Instituto Biológico é muito importante para o café no Estado. Graças à contínua dedicação de instituições como o IB, podemos saborear o café todos os dias”, afirmou o vice-cônsul. A cerimônia contou ainda com o plantio de três cerejeiras, consideradas símbolo nacional do Japão.

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