Parque Modernista na V. Mariana está abandonado

O Parque Modernista chama a atenção de quem passa pela rua Santa Cruz e se depara com um muro branco e muitas árvores. O local é um dos poucos redutos verde no bairro. Um jardim com vegetação nativa e em cada parede um pouco de história. Mas, nem tudo parece rosas. O local está abandonado e deve ser devolvido para o Estado ainda este mês.
A Casa Modernista foi projetada em 1927 e construída em 1928, já 90 anos. Foi a primeira obra arquitetônica do país seguindo conceitos modernistas, assinada pelo arquiteto e urbanista russo Gregori Warchavchik. Ele moraria ali com sua esposa, a paisagista Mirna Klabin, que foi a responsável pelo desenho dos jardins que hoje compõem o Parque.
A Casa Modernista que fica aberta para visitação na entrada do Parque tem infiltrações, buracos no teto e pintura desgastada. Do lado de fora do imóvel, a história vai ficando na lembrança. Ferrugens das grades, a falta de telhados e a má manutenção das árvores não se tornam nada convidativo e cada vez tem atraído menos visitantes ao local.
O abandono está em todos os cantos. Dos tetos ao chão desnivelado. Os visitantes têm que caminhar observando as calçadas, porque as pedras estão soltas, ou em muitos trechos, não tem. Wanderley Passos, caminha pelo Parque ao menos dois dias da semana e acompanhou de perto os tempos de preservação e destruição da área. “Lembro nitidamente de grandes festas aqui. Era criança e passava em frente os muros que eram mais baixos e ficava imaginando o que estava acontecendo. Meu irmão chegou a assistir uma peça de teatro neste jardim. Hoje a gente se depara com essa imagem de abandono no que nem podemos chamar de jardim. O que consigo sentir ao caminhar aqui é tristeza”,afirmou.
Fitas isolam as árvores que podem cair a piscina abandonada e acumula lixo e folhas secas. O antigo salão de jogos que por muitos anos foi um dos ambientes mais frequentados, hoje não possui nem telhado. A casa é tombada como patrimônio histórico por ser a primeira construção em estilo Modernista no país, datada de 1927. Juntos, o imóvel e o parque ocupam uma área de mais de 12 mil metros quadrados.
A área está sob responsabilidade da Prefeitura desde março de 2008, ou seja, há dez anos. Nesse período, além de obras emergenciais, foram desenvolvidos projetos de restauro, mas que nunca saíram do papel. A intenção também era desenvolver uma programação de atividades culturais mais frequente e intensa para o espaço.
Apenas em 2018 foram 4 tentativas para formação do Conselhos dos Parques existentes na cidade de São Paulo, não houve sequer interessados em número suficiente no caso do Parque Modernista e a eleição foi suspensa.
Em nota a Prefeitura de São Paulo informou que “até o fim do mês deve passar a guarda da Casa Modernista da Secretaria Municipal de Cultural para o Estado e que a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente vai fazer vistorias e fazer os reparos necessários. Sobre as árvores os técnicos estão fazendo laudos para determinar as ações.