Figueira das Lágrimas terá “clone” no Ibirapuera

Do alto de seus 1,60m de altura, ela seria uma muda comum, não fosse sua origem nobre: é um “clone” da Figueira das Lágrimas, uma senhora com mais de dois séculos de idade. Ele foi produzido pelo Instituto de Botânica da USP e plantado no domingo (13), na Praça da Paz do Parque Ibirapuera. A mais nova moradora do espaço tem mobiliário produzido pelo designer Hugo França a partir de resíduos florestais da cidade, protegendo-a e também servindo de apoio aos que vierem contemplá-la.
O plantio desse clone coroa a trajetória do Projeto Figueira das Lágrimas, idealizado pela Cardim Arquitetura Paisagística, DW! e Hugo França. EM 2015, o botânico Ricardo Cardim, o designer Hugo França e o criador da DW!, Lauro Andrade, leiloaram uma peça de Hugo França. A verba tinha destino certo: clonar a velha árvore e restaurar seu sítio original. No mesmo ano, Cardim teve ajuda do Instituto de Botânica da USP para conseguir duas mudas clonadas com sucesso. “Essa árvore é uma raridade que deve ser preservada. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente irá ajudar a recuperar a original e cuidar dessa nova muda”, disse o secretário da pasta Gilberto Natalini.
A árvore original, que pode ter entre 360 e 400 anos, pode ser vista entre os números 515 e 530 da Estrada das Lágrimas, cujo nome herdou da nobre espécie. A denominação deriva do fato de sua localização estratégica, no século XIX, na divisa da cidade com a estrada rumo ao litoral. Familiares choravam ao pé da arvore, quando vinham despedir-se de comerciantes e até dos filhos enviados à Guerra do Paraguai (1865-1870). Durante o século XX, com o crescimento do bairro, a vegetação nativa à volta dela foi removida ou substituída por edificações e plantas estrangeiras, hoje responsáveis por quase 90% da vegetação urbana paulistana.
A figueira chegou a correr riscos, como quando o dono do terreno quis derrubá-la, em 1909; a mobilização da imprensa conseguiu impedir essa tragédia. Em 1920, o então prefeito Firmiano Pinto mandou construir uma mureta com grades ao redor da figueira para protegê-la, e afixou uma placa de bronze com um poema de Eugênio Egas. Em 1926, foi retratada pelo pintor Oscar Pereira da Silva; no dia da Árvore de 1952, a Sociedade Geográfica Brasileira produziu nova placa de bronze; nos anos 80, ela foi relacionada entre a Vegetação Significativa no Município de São Paulo, por iniciativa da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, tendo o seu corte proibido.

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