Uma semana depois de o presidente Jair Bolsonaro afirmar que não lhe parecia oportuno trazer de volta para o País uma família de brasileiros internada nas Filipinas por suspeita de coronavírus, o governo toma uma atitude mais sensata – e correta – ao repatriar cidadãos que estão em Wuhan, na China, epicentro da epidemia. Esse é o dever de um país com os seus cidadãos.
A expectativa é de que o grupo chegue ao Brasil no sábado (8). Para embarcarem no voo de resgaste, os brasileiros precisam assinar um documento com 13 condições. Eles vão cumprir quarentena na base área de Anápolis (GO) e ficarão confinados em um quarto individual e deverão permitir aferição de dados vitais três vezes ao dia. Vale lembrar também que se em Wuhan os médicos identificarem sintomas de infecção por coronavírus, a pessoa não será repatriada e continuará na China.
Até terça-feira (4), havia 29 pessoas confirmadas para a repatriação, incluindo quatro chineses listados como cônjuges, filhos ou pais de brasileiros. A lista inclui também sete crianças e o número pode aumentar até sábado.
A quarentena em Goiás terá duração de 18 dias. Uma comitiva do governo federal vistoriou a base de Anápolis e escolheu a cidade. Outra base cotada era Florianópolis. Em Goiás, os brasileiros repatriados ficarão isolados e não poderão circular fora do local militar. A Base Aérea de Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia, tem 1,65 mil hectares e 66 alojamentos.
A grande preocupação é que cidadãos goianos possam ser colocados em risco. Por isso, a autoridades fizeram questão de destacar que as pessoas repatriadas não terão contato algum com a cidade de Anápolis. Nesse momento, é preciso ter muito cuidado para evitar pânico na população. A transmissão do vírus não se dá pelo ar, e sim por gotículas. Assim, não há chance de a doença progredir se o sistema de quarentena for cumprido adequadamente.
Especialistas já começam também a calcular os impactos para a economia da disseminação do novo coronavírus. A China é a segunda maior economia do planeta e pode desacelerar o crescimento econômico global.
Em um mundo globalizado, é impossível imaginar que o Brasil não será afetado. Não à toa, vários economistas estão preocupados com os efeitos fora da China do coronavírus. Trabalhadores do setor de turismo serão as primeiras vítimas econômicas da epidemia de pneumonia viral. Outras áreas também estão sendo duramente afetadas. Os preços do petróleo, por exemplo, caíram 20% em um mês.
O momento exige cautela. Qualquer decisão mal planejada pode ser precipitada e provocar danos irreparáveis. Cabe agora às autoridades encontrar respostas e tomar medidas concretas para manter a estabilidade do País, sem abandonar os seus cidadãos.
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