A análise de alguns fatos recentes ajuda a entender porque certas coisas ainda acontecem no Brasil e também os motivos que nos levaram à atual situação, com milhões de desempregados e a economia em frangalhos. Na terça-feira (15), o canal GloboNews noticiou que a Secretaria de Administração do Palácio do Planalto aprovou a concessão de apartamento funcional em Brasília para duas assessoras pessoais da primeira-dama, Marcela Temer: a nutricionista Denise Silva dos Reis Leal e a supervisora Cintia Borba, responsável pela rouparia, lavanderia, faxina e arrumação do Palácio do Jaburu e do Alvorada.
Ainda de acordo com o GloboNews, a concessão dos apartamentos funcionais a ambas irritou servidores do governo porque existe uma fila de espera para ser atendida. Denise e Cintia, no entanto, por serem assessoras de Marcela, tiveram a preferência e passaram na frente de outros nomes que ainda aguardam ser contemplados, segundo relatos feitos ao canal.
Para piorar, a notícia veio, coincidentemente, no mesmo dia em que o governo anunciou que vai pedir autorização ao Congresso Nacional para elevar o rombo das contas públicas de 2017 e 2018 para R$ 159 bilhões. Pressionado, o governo teve de bloquear gastos, aumentar impostos sobre os combustíveis, implantar um programa de incentivo para demissão de servidores e adiar aumento de salários.
O presidente Michel Temer terminará o seu mandato, em dezembro de 2018, entregando um rombo acumulado de R$ 477,5 bilhões em três anos (o correspondente a 7,6% de todas as riquezas produzidas pelo Brasil em 2016) como se nada tivesse acontecido. Pois é assim que muitos se sentem. A sensação de impunidade faz com que as pessoas sintam-se no direito de fazer o que bem entendem porque sabem que dificilmente serão punidas. No Brasil, punir é exceção e não regra.
E não adianta Temer querer colocar a culpa somente na herança que recebeu da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele prometeu, quando assumiu o cargo e convocou o chamado “time de sonhos” para integrar a equipe econômica sob o comando de Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda, melhorar as finanças do País.
Pelo desenrolar dos fatos, essa história tem tudo para terminar em pizza, como tantas outras que acontecem todos os dias no Brasil. Dessa maneira, não é de se estranhar que atos de mau uso do dinheiro público continuem sendo realizados por todo o País.
O problema do Brasil não é falta de dinheiro. Mas sim a administração dos recursos públicos. O que não pode haver mais é superfaturamento, caixa 2 e outras formas de desvio. No próximo ano teremos eleições para deputados estadual e federal, senador, governador e presidente. A população precisa mostrar o seu descontentamento nas urnas.
As pessoas têm de escolher bem os seus candidatos e votar com consciência. E, caso haja algum desvio de conduta ou se o candidato não cumprir as suas promessas de campanha, tem de severamente cobrado. O maior problema do Brasil está em governantes corruptos e incompetentes e eleitores relapsos.
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