Não há dúvidas que todos os brasileiros que recebem salários devem ter reajustes periódicos suficientes para preservar seu poder de compra. Porém, a grave crise que o País atravessa tem obrigado a maioria dos trabalhadores a aceitar reajuste abaixo da inflação e mesmo ficar sem nenhuma reposição. Por isso, causou indignação popular a decisão do Supremo Tribunal Federal, aprovada por 7 votos a 4 de aumentar os salários de seus membros em 16,8%, a partir de 2019.
A revolta da opinião pública se amplia quando se lembra que mais de 13 milhões de desempregados não têm nenhum salário e que o Governo deixa de fornecer medicamentos para hospitais e não investe em educação e outras necessidades do pais, alegando falta de recursos.
Para o brasileiro que levanta de madrugada e pega trens e ônibus lotados para receber no fim do mês, um salário que gira em torno de R$ 1.200,00, é revoltante ver que membros da mais alta corte da Justiça brasileira aumentarem os próprios salários de R$ 33.000,00 para R$ 39.000,00. Não há dúvida de que faltou sensibilidade e espírito patriótico aos ministros que também recebem diversos auxílios e desfrutam de muitas mordomias pagas pelo povo.
A presidente do Supremo, Carmen Lúcia, se disse “derrotada”, mas só fez críticas à decisão depois do “leite derramado” como no dito popular. Mesmo assim, ainda merece ser citada pela história, ao lado de Rosa Weber, Edson Facchin e Celso de Mello que afirmaram ser um erro o reajuste, especialmente pele seu “efeito cascata”.
Esse é o custo colateral gravíssimo do fato de Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandovski, Dias Toffoli, Luiz Fux, ALexandre Barroso e até Luiz Roberto Barroso, que é conhecido por seus discursos em defesa da justiça social, terem pensando em seus interesses pessoais e esquecido as dificuldades do País.
Ao elevarem em 16,8% seus salários esses senhores que são a última instância de nossa justiça também propiciaram a todos os membros do Judiciário e do Legislativo a possibilidade de ganhar o mesmo. Além disso, como salário de ministro do Supremo é considerado o teto do funcionalismo também o Executivo poderá se beneficiar Resumindo: os brasileiros poderão arcar com mais R$ 4 bilhões de custos em uma máquina administrativa inchada, cheia de nomeados por critérios políticos e caracterizada por desfrutar de privilégios imorais.
Numa declaração que soou cínica, o ministro Barroso lembrou que o aumento só vigorará se o Senado aprovar e o presidente sancioná-lo. É difícil esperar dos senadores uma atitude digna, após o período eleitoral e ninguém acredita que o desprestigiado presidente Michel Temer terá coragem de vetar aumento para o Poder que, muito provavelmente, vai julgá-lo no próximo ano, quando as suspeitas de seu envolvimento em esquemas de corrupção deverão ser esclarecidas.
É muito triste a situação do Brasil. Quando, o Judiciário, a única parte da administração pública que ainda conta com algum respeito da opinião pública, age de maneira tão desconectada com o dia-a-dia do povo, o homem comum se vê indefeso. Porém, ainda é tempo de reagir e o voto é a melhor arma. Votando com consciência e colaborando com movimentos que visam moralizar e modernizar os três poderes poderemos deixar um país melhor a nossos filhos.
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