STJ suspende reintegração de posse da área do Projeto Quixote

Os atendidos do Projeto Quixote na Vila Mariana estão respirando mais aliviados. Pelo menos por enquanto. A liminar suspendendo a ordem de reintegração de posse do terreno que abriga o Projeto Quixote, foi concedida pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele entendeu que o cumprimento do mandado de reintegração poderia implicar grande dano social na Ong que atende 20 mil crianças e jovens.
O processo de reintegração de posse já dura dez anos e mira um terreno de três mil m², onde são feitas as atividades e que foi doado pela Prefeitura de São Paulo em 2008. O espaço foi reivindicado pelo ex-industrial Nelson Jorio de Campos, já falecido. Porém, caso a justiça decida a favor do autor da ação, a posse e a propriedade do terreno passam a ser da família de Campos.
Só em 2016 o Quixote realizou mais de 20 mil atendimentos clínicos, sociais e pedagógicos. O projeto conta com pedagogos, psiquiatra, psicólogos, arteterapeutas, assistentes sociais, jornalista, administrador de políticas públicas, enfermeiros e uma vasta equipe de apoio. O projeto oferece oficinas de música, teatro, dança de rua, leitura e escrita, capoeira, culinária, esportes e informática. Outros serviços como atendimento clínico, grupos terapêuticos para famílias e assistência social também são prestados. Cerca de 20 mil crianças e adolescentes frequentam o Quixote, a cada ano, no contraturno escolar.
Apesar de já ter falecido, a advogada do Quixote, Marcela Barcellos explica que o processo retomou porque a família do ex-industrial solicitou a entrada no imóvel há duas semanas, o que explica a entrega do mandado. “Se o processo acabar com decisão contrária ao Quixote, eles não têm para onde ir e não há como fazer esse atendimento em outro lugar porque não tem um plano B imediato”, afirma Marcela.
O Projeto Quixote fica na Avenida Engenheiro Luís Gomes Cardim Sangirardi, 789 – Vila Mariana.