A conta da greve de caminhoneiros na semana passada chegou ao bolso dos brasileiros. Pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas mediu os aumentos de preços e revelou os produtos que mais encareceram. Ou seja, a paralisação provocou aumento a inflação em todo o País.
O abastecimento está se normalizando, as prateleiras dos supermercados estão cheias de produtos novamente, mas os preços ainda continuam fora do normal. O pior é que não há nenhuma esperança de que eles vão se acomodar nos próximos dias.
De acordo com o levantamento da FGV, na comparação entre a penúltima e a última semana de maio, a inflação dos alimentos mais do que dobrou e a dos transportes triplicou. A culpa, é claro, foi a alta da gasolina.
O índice de preços ao consumidor fechou o mês de maio com alta de 0,41%. A batata, por exemplo, acabou o mês com um aumento de mais de 150%. Tem família que não come mais carne com batata e macarrão com purê no tradicional almoço de domingo. Já o alface nem teve o seu preço pesquisado pela FGV porque simplesmente desapareceu das feiras e supermercados durante a greve dos caminhoneiros.
Economistas apontam que, mesmo com a normalização do abastecimento, os preços devem demorar a cair porque os produtores que tiveram prejuízo durante a greve vão, agora, repassar esses custos para o consumidor.
O mesmo vale para os combustíveis. Muitos postos ainda não estão vendendo o litro do diesel com o desconto acertado pelo governo federal com os caminhoneiros. A promessa é de uma redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel em comparação com o preço cobrado pelos postos no dia 21 de maio, antes da paralisação. O problema é que muitos donos de postos alegam que as distribuidoras não repassaram os R$ 0,46 como o governo havia anunciado.
O governo do presidente Michel Temer (MDB) garante que vai obrigar os postos que estão recebendo o combustível mais barato a repassar o desconto. Até agora, o governo já recebeu mais de seis mil denúncias de postos que não reduziram o diesel em R$ 0,46. Por isso, a expectativa mais otimista é de que ainda pode levar mais duas semanas para que o produto mais barato chegue às bombas de todo o Brasil.
A situação é tão grave que analistas do mercado financeiro já elevaram sua estimativa de inflação para 2018 e passaram a prever uma alta menor do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Os reflexos da greve dos caminhoneiros terão ainda efeitos em 2019. Não à toa a maioria dos economistas também elevou a expectativa de inflação para o próximo ano.
Sem contar, é claro, do impacto político da greve. Os caminhoneiros expuseram toda a fragilidade do governo Temer, que fraquejou na hora das negociações e, assim, deixou o País ficar à beira do colapso. A população não deve deixar barato nas eleições de outubro e os candidatos ligados a Temer certamente terão muitas dificuldades nas urnas. Reflexo de um governo impopular e sem força na articulação política.
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