Reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo na semana passada revelou que, até outubro, 27 pessoas morreram este ano nas marginais Tietê e Pinheiros. O número é maior do que os 12 meses de 2016, quando foram registradas 26 vítimas fatais nas duas principais vias da cidade.
Até o ano passado, sob a gestão de Fernando Haddad (PT), os limites máximos permitidos nas três pistas que formam as marginais Tietê e Pinheiros eram 50 km/h, 60 km/h e 70 km/h. Com João Doria (PSDB), como prometido na campanha eleitoral, a partir deste ano os limites subiram, respectivamente, para 60 km/h, 70 km/h e 90 km/h.
A gestão do tucano tem afirmado que a velocidade não teve influência em nenhuma das mortes nas marginais. A bem da verdade é que ainda há polêmicas sobre os efeitos da mudança. Alguns especialistas alegam que ela contribui para diminuir os congestionamentos que atormentam a vida dos motoristas paulistanos e outros falam em aumento no número de acidentes e, consequentemente, mortes.
A velocidade reduzida melhora o índice de segurança, porém é preciso estar atento para o fato de que se trata de uma ação que não funciona isolada. Ela exige vigilância, principalmente durante a madrugada, horário onde se concentram as colisões mais violentas e as mortes de jovens. Nesse sentido, vale lembrar a “Lei Seca”, que, ao ser implantada, foi decisiva para tirar de circulação aqueles que dirigem após ingerir bebidas alcoólicas.
A opção de multar e “mexer no bolso” dos infratores é boa, mas precisa de melhor escalonamento, de forma que excessos maiores paguem multas bem mais elevadas do que as atualmente em vigor. Outro problema é a colocação dos radares, pois a Justiça decidiu que é necessário aviso de que há fiscalização eletrônica por perto. Grande parte dos motoristas que adotam caminhos rotineiros sabe onde pode ser multada e diminui o ritmo ao se aproximar dos instrumentos fotográficos para depois acelerar além do limite. O problema do trânsito nas grandes cidades exige uma revisão da legislação específica e esclarecimentos de pontos polêmicos.
O debate sobre a diminuição dos acidentes não passa apenas pelo aumento ou redução dos limites de velocidades. É justo lembrar que o poder público também precisa fazer sua parte. São muitas as avenidas da cidade mal sinalizadas ou que têm o asfalto em péssimas condições se transformando em causas de tragédias.
São Paulo está cheia de bueiros perigosos, por exemplo. Sem tampa e desnivelados, acabam provocando acidentes. Com a ação do tempo, muitas tampas acabam completamente destruídas, sobretudo em regiões mais periféricas da cidade, onde o serviço de manutenção é precário. Pode parecer óbvio, mas não custa lembrar que cuidar do asfalto é condição fundamental para um trânsito seguro, seja a 60 km/h, 70 km/h ou 90 km/h.
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