O clima de discoteca dos anos 1970 pode ser revivido no Globoplay com a estreia de um ícone da dramaturgia brasileira: “Dancing Days”. Todo mundo está convidado a abrir suas asas, soltar suas feras, cair na gandaia e entrar na festa, como entoam “As Frenéticas” nos versos do tema de abertura da novela, tão emblemático quanto a trama de Gilberto Braga. Estrelado por nomes como Sonia Braga, Joana Fomm, Gloria Pires, Antonio Fagundes, Reginaldo Faria e Ary Fontoura, o folhetim inaugurou o estilo do autor, famoso por suas crônicas marcadas pela discussão dos valores da classe média e das elites urbanas. Exibida em 1978, a obra completa 45 anos em 2023 e chega à plataforma pelo projeto de resgate de clássicos da dramaturgia.
Em atuações memoráveis, Sonia Braga e Joana Fomm dão vida às irmãs Júlia Matos e Yolanda Pratini, respectivamente. As diferenças entre as duas beiram a rivalidade quando a primeira, ao conquistar liberdade condicional depois de ser acusada pelo atropelamento e morte de um guarda, busca se livrar do estigma de ex-presidiária e se reaproximar da filha. Mas a socialite, que criou a menina, faz de tudo para dificultar a reconciliação. É quando entra em cena Gloria Pires, aos 15 anos de idade, interpretando a adolescente Marisa, personagem cheia de nuances como a mãe e a tia. “Que legal poder rever a novela, tenho um carinho enorme por ela. Foi um trabalho que me revelou nacionalmente”, comemora a atriz, ao recordar “Dancing Days”.
Refletindo a situação socioeconômica do Brasil na época, a trama se consolidou como um fenômeno da dramaturgia, ditando modas e influenciando hábitos de consumo do público. Da personalidade forte à transformação de seu visual, são muitas as reviravoltas na vida de Júlia que inspiraram mulheres pelo país. A principal é quando a protagonista surge totalmente repaginada depois de uma viagem à Europa. E o palco dessa revelação, é claro, um cenário icônico da novela: a discoteca “Frenetic Dancin Days”, de Hélio (Reginaldo Faria). “A novela foi um marco na forma de se mostrar as personagens, buscando o realismo do cinema, desde os cenários à caracterização”, lembra Gloria. As roupas e os acessórios usados por Júlia e frequentadores da fictícia casa de eventos, como as meias de lurex coloridas combinadas com sandálias de salto alto fino, viraram sensação. Assim como a pista de dança, referência à trama até hoje. “Pela primeira vez pude me dar conta do alcance da televisão no Brasil. Cada cidade que eu visitava, reconhecia Júlias e Marisas nas discotecas, que se transformaram em uma verdadeira febre”, reflete Gloria Pires sobre a repercussão da trama.