A nomeação do juiz federal Sérgio Moro para o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a partir de 2019, no governo de Jair Bolsonaro, causou surpresa a muitos brasileiros. Teve gente, no entanto, que já esperava pela indicação do magistrado e, inclusive, criticou o juiz por ter atuado na Operação Lava Jato supostamente já com pretensão de entrar na política.
Moro revelou na terça-feira (6) que pretende levar a Brasília o modelo da Operação Lava Jato para combater o crime organizado. Ele afirmou ainda que vai trabalhar sem “perseguição política”. A proposta do juiz federal é implantar uma agenda anticorrupção. Sua inspiração vem da atuação do FBI no combate às máfias em Nova York, nos Estados Unidos. Nos próximos dias, inclusive, ele deve apresentar uma série de propostas contra o crime organizado.
Apesar de reiterar que fará um trabalho técnico, Moro terá de lidar com as críticas. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 2016, por exemplo, ele declarou que jamais entraria na política. Agora, porém, o futuro ministro não vê o cargo como um posto político e garantiu não ter nenhuma pretensão de concorrer a cargos eleitorais.
É, no entanto, inevitável desassociar a atuação de Moro como ministro e juiz, quando ele condenou diversos líderes do PT, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os crimes cometidos estão corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Vale lembrar ainda que o juiz federal condenou também políticos de vários partidos, alguns adversários do PT.
Mesmo assim, um grupo de três deputados e seis senadores do PT apresentou uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz Moro. Eles solicitam que o magistrado seja impedido de assumir qualquer outro cargo público. A acusação é de que Moro e Bolsonaro trocaram favores e, com isso, o juiz teria atuado com parcialidade para prejudicar o PT. Entre as provas apresentadas está o fato de que o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, Moro e Bolsonaro mantiveram contato ainda durante a campanha.
O maior desafio de Moro como ministro da Justiça é combater os assassinatos. Hoje, os índices de criminalidade são absolutamente intoleráveis. Para isso, é preciso proteger as pessoas de bem e enfraquecer as organizações criminosas. Antes de qualquer coisa, é fundamental investir em tecnologia para melhorar os índices de elucidação de crimes e as técnicas de combater o crime organizado.
O que a população espera é que Moro não utilize o Ministério da Justiça como uma espécie de “trampolim” para ser indicado ao STF (Supremo Tribunal Federal), afinal há a suspeita de que a condição imposta por ele para assumir ministério seria uma vaga na mais alta corte do País. Mais do que almejar promoções pessoais, é função de Moro garantir que a democracia e ao Estado de Direito não sejam colocados em risco. Moro é um juiz, um homem da lei.
Check Also
Pandemia não está no ‘finalzinho’
Por mais que o presidente Jair Bolsonaro tenha afirmado, ainda em dezembro, que o Brasil …