Os eleitores de São Paulo mandaram um recado muito claro à classe política nas eleições do último domingo. Velhos nomes perderam espaço – inclusive da região -, enquanto candidatos mais identificados com as necessidades de parcelas importantes da população receberam votações expresivas. São mulheres, negros, transexuais e indígenas, por exemplo.
A expectativa, agora, é por mandatos no Legislativo mais progressistas. É fundamental que na Câmara de Vereadores de São Paulo, por exemplo, as 55 cadeiras sejam ocupadas por parlamentares dos mais variados perfis. Afinal, assim é constituída a população da cidade. Quanto mais as pessoas se sentirem representadas na Câmara, melhor será para a cidade.
Nesse contexto, é preciso destacar os mandatos coletivos, que são quando o vereador eleito compartilha as decisões que vai tomar na Câmara Municipal com um grupo de pessoas que participaram da campanha. Em São Paulo, o mandato da bancada feminista terá cinco integrantes em 2021. Por mais que esse tipo de eleição seja fruto de um acordo informal porque a legislação não reconhece a candidatura coletiva, trata-se de uma maneira nova de fazer política.
Os jovens, que durante décadas foram marginalizados e praticamente não eram representados pelos vereadores, agora ganham bastante força. Essa eleição ficará marcada como uma espécie de “grande chamado” e agora os jovens precisam ocupar bem esse espaço conquistado pela força do voto.
O mesmo vale para as mulheres. Os paulistanos elegeram 13 candidatas, sendo que duas estão estre as as dez mais votadas. Vale lembrar que, em 2012, foram eleitas seis vereadores. Em 2016, esse número passou para 11. É um movimento que vem crescendo, ganhando força e veio para ficar. Não há motivos para retroceder. Muito pelo contrário. A partir de 2021, as mulheres ocuparão 23% das vagas na Câmara. Ainda é pouco e precisa crescer, já que as mulheres são a metade da população.
É mais do que urgente que, mesmo com especialidades diferentes, as mulheres sem unam para potencializar o papel de uma vereadora. Essas candidaturas bem sucedidas, inclusive, servem de exemplo para as gerações futuras.
Tudo isso ocorre em meio à queda de participação de partidos tradicionais em São Paulo. PSDB e PT perderam espaço diante dessa renovação histórica na Câmara Municipal. As duas legendas tiveram as suas bancadas reduzidas, mesmo continuando como maiores partidos do Legislativo. O cenário a partir do próximo ano destaca o PSOL como partido que mais cresceu na Câmara, saindo de dois para seis vereadores. O PSOL, inclusive, é o partido do candidato Guilherme Boulos, que mostrou forte crescimento durante o primeiro turno, desbancou os adversários e, assim, garantiu vaga no segundo turno contra o prefeito Bruno Covas (PSDB).
Definidos os 55 vereadores, os eleitores voltarão às urnas no próximo dia 29 para escolher o próximo prefeito. Restaram Boulos e Covas na disputa. Agora, é o momento de o eleitor analisar com mais calma cada candidato e suas propostas e eleger o melhor para São Paulo.
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