O Zoológico de São Paulo divulgou o nascimento de dois micos-leões-preto no dia 16 de agosto. Os filhotes nasceram em uma área interna e restrita conhecida como “Micário”, local destinado à reprodução de três das quatro espécies de micos-leões existentes: mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) e o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia). Este espaço, construído exclusivamente para abrigar os micos, reflete o compromisso institucional no desenvolvimento de estratégias para a manutenção de espécies geneticamente viáveis para futuros programas de reintrodução e reforço das populações na natureza.
Com a chegada dos novos moradores, a população de mico-leão-preto na Fundação Zoológico soma agora 35 indivíduos, sendo esta a maior do mundo mantida sob cuidados humanos. A Fundação Zoológico é uma das poucas instituições que consegue reproduzi-la em cativeiro, fato muito relevante para o futuro da conservação deste raro primata.
De acordo com o censo realizado no ano de 2019 com a espécie, a população cativa global é composta por apenas 61 indivíduos, número muito reduzido para um programa de conservação em longo prazo. Na natureza, a situação também é preocupante: a população está estimada em 1.400 indivíduos, apresentando um declínio continuado relacionado principalmente à perda, fragmentação e desconexão de habitat.
Única espécie de primata endêmica do estado mais populoso e desenvolvido do país – São Paulo, o mico-leão-preto está na categoria “Em Perigo de Extinção”, tanto na lista nacional como na classificação internacional da IUCN (International Union for Conservation of Nature).
Uma das ações para a conservação da espécie é a reprodução em cativeiro. Para isso, o manejo é guiado por estudos genealógicos das populações cativas de todo o mundo, que são reunidas em um livro chamado Studbook. Através dessas informações e parcerias de Zoológicos com instituições mantenedoras de mico-leão-preto, são selecionados animais visando alcançar o sucesso reprodutivo. Após o processo de seleção, são realizadas recomendações para a formação de casais levando em consideração a estrutura genética e demográfica das populações mantidas sob cuidados humanos. Já a etapa seguinte contempla o intercâmbio entre as instituições para viabilizar o manejo reprodutivo.
Por recomendação do Plano de Manejo do Mico-leão-preto, em março de 2017, a Fundação Zoológico enviou ao Durrel Wildlife Conservation dois machos e uma fêmea da espécie a fim de aumentar a população de segurança ou back-up de micos no mundo. Em julho de 2018, dois micos haviam nascido nesta instituição internacional que tem como propósito salvar espécies ameaçadas da extinção, sendo a mãe oriunda do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro e o pai, da Fundação Zoológico. Nos anos seguintes, outros nascimentos foram registrados – um resultado muito promissor para a conservação do mico-leão-preto!
Nestes últimos meses, a Fundação Zoológico também registrou outros importantes nascimentos de espécies nativas ameaçadas de extinção, tais como a arara-azul-de-lear e o sagüi-da-serra-escuro.
Os filhotes irão permanecer com os pais por um longo período, recebendo todos os cuidados necessários para o pleno desenvolvimento. A dieta do mico-leão-preto na Fundação Zoológico é composta por cenoura, beterraba, abóbora, mamão, melão, maçã, ração específica para primatas, ovos e carne de frango cozidos. Como complemento nutricional, o primata recebe também grilo, tenébrio e baratas de espécies distintas.