Lugar de torcedor é na TV

Na última semana, morreram todos os dias, em média, 707 pessoas vítimas da covid-19 no Brasil. O País já acumula quase 140 mil vidas perdidas pelo novo coronavírus.

É, diante desse cenário, que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) quer o retorno do público aos estádios de futebol. A entidade, inclusive, já recebeu parecer favorável do Ministério da Saúde para isso. A medida prevê a utilização de até 30% da capacidade dos estádios, a partir do mês de outubro, em partidas da Série A do Campeonato Brasileiro.

No caso do Maracanã, por exemplo, cada jogo poderia ter cerca de 20 mil torcedores nas arquibancadas. Mesmo que o plano de estudos contemple, na teoria, medidas de higiene e distanciamento, sabemos que na prática a situação é bem diferente. As cenas de praias lotadas em praticamente todo litoral brasileiro nos últimos dias comprovam que, para muitos, a sensação é de que a pandemia já acabou.

Longe disso. O Estado de São Paulo registrou nova alta de mortes, após cinco semanas seguidas de desaceleração. Uma das regiões que mais preocupa as autoridades é a Baixada Santista, onde os números da doença aumentaram. Em Campinas, a quantidade de casos e mortes cresceu 20% e 30%, respectivamente. A avaliação é de que o feriado prolongado de 7 de setembro pode ter sido uma das causas.

Relaxamento nas medidas de proteção contra a pandemia pode significar ainda mais vidas perdidas. A adesão às práticas de prevenção devem e precisam continuar sendo levadas a sério por toda a população. Quando a flexibilização aumenta, a responsabilidade individual cresce.

Imagens de bares e praias lotadas escancararam a falta de cuidado com medidas básicas de proteção de milhões de brasileiros. Infelizmente, já é sabido que o mesmo deve ocorrer se os estádios forem reabertos ao público.

O futebol não está imune à covid-19. Muito pelo contrário. O Flamengo, por exemplo, foi jogar partidas da Copa Libertadores no Equador e detectou nada menos do que nove pessoas da sua delegação com o novo coronavírus durante a viagem: sete jogadores, um médico e um funcionário do departamento de futebol.

A propagação do vírus continua em níveis altíssimos, principalmente na América do Sul. Por isso, cada passo da flexibilização precisa ser muito cauteloso. Por mais que o vírus tenha menos probabilidade de se espalhar em ambientes externos do que em ambientes fechados, é da natureza dos eventos esportivos que aconteçam grandes aglomerações. Neste sentido, são muitos os especialistas que defendem que a reabertura em massa não seria apropriada.

Mesmo que a ausência de torcedores nos estádios tenha provocado um impacto devastador nas finanças dos clubes, o mais importante é salvar vidas. É claro que arquibancadas lotadas fazem parte do espetáculo do futebol, mas o vírus é letal e o torcedor pode esperar. Neste momento, o melhor é acompanhar os jogos pela TV mesmo.

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