Eleito novo presidente da República com mais de 57 milhões de votos no último domingo (28), o capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro (PSL) garante ser “totalmente favorável à liberdade de imprensa”, como afirmou em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, um dia após a sua vitória nas urnas. Na mesma entrevista, no entanto, o deputado federal fez um grave ataque ao jornal Folha de S.Paulo.
Bolsonaro, que já chegou desejar que o jornal deixasse de existir, afirmou que a Folha de S.Paulo não faz parte daquilo que ele considera “imprensa digna”. O presidente eleito foi além e antecipou que, no que depender dele, o jornal não receberá mais propaganda oficial do governo federal. Ele também ameaça cortar verbas publicitárias à Rede Globo, outro veículo da imprensa que faz reportagens que lhe desagradam.
Para Bolsonaro, a Folha de S.Paulo “se acabou” e “não tem prestígio mais nenhum”. Durante a entrevista ao Jornal Nacional, William Bonner, apresentador e editor-chefe do noticiário, porém, saiu em defesa do jornal ao declarar que a Folha de S.Paulo é um jornal sério, que cumpre papel importantíssimo na democracia brasileira.
Quem também repudiou a fala de Bolsonaro foi o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). O adversário do deputado federal na disputa pelo Palácio do Planalto lembrou que a ameaça de cooptar veículos de comunicação pela oferta de dinheiro público é uma ofensa à moralidade e ao jornalismo nacional. É preciso deixar claro que investimentos do governo em publicidade devem sempre seguir critérios técnicos, afinal trata-se de verba pública.
As declarações de Bolsonaro só servem para alimentar um clima de confronto com a mídia. O Brasil vive uma crise ética, moral e econômica e esse tipo de acusação não é nem um pouco saudável para a democracia. Não à toa, associações de jornalistas profissionais e organizações de defesa dos direitos humanos manifestaram repúdio às declarações de Bolsonaro ao Jornal Nacional.
A série de ataques do presidente eleito à Folha de S.Paulo fez com que os eleitores iniciassem, de maneira espontânea, uma campanha virtual incentivando a assinatura do jornal. A imprensa livre é um pilar da democracia. O cidadão tem de ter o direito de escolher o que ele quer ler, ver e ouvir, em qualquer veículo.
Vale lembrar que nos Estados Unidos o presidente Donald Trump acusa o jornal The New York Times de publicar fake news. O problema é que o tiro saiu pela culatra. A receita e o número de assinaturas do jornal só têm crescido. Trump acabou criando uma onda de leitores dispostos a assinar o The New York Times. Apesar dos ataques de Trump à imprensa, a democracia norte-americana continua firme e forte.
A expectativa é que o mesmo aconteça no Brasil, mesmo que Bolsonaro continue com esse tipo de comportamento pelos próximos quatro anos. É papel da população defender as liberdades e a democracia.
Nesse momento, é importante que a assessoria do presidente eleito, Jair Bolsonaro, diga a ele que a eleição acabou. Hoje ele é o presidente eleito do País, portanto é necessário deixar de bravatas para começar a pensar no Brasil como um todo.
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