Um dos aspectos mais perversos das crises econômicas é que seus efeitos negativos atingem primeiro os mais pobres e o reflexo positivo da recuperação chega por último a esse segmento da população. Também no setor produtivo, especialmente no comércio e nas prestações de serviços, essa triste realidade assusta.
Para piorar o quadro, no Brasil, historicamente os governos tratam com prioridade os grandes conglomerados quando se trata de criar políticas capazes de minimizar as dificuldades. As ações para estimular e garantir a sobrevivência das pequenas empresas e estabelecimentos comerciais são quase inexistentes, enquanto subsídios são distribuídos a setores dominados por grandes multinacionais e grupos nacionais monopolizadores.
O caso da indústria automobilística é um exemplo desse tratamento desigual. Tanto os governos petistas de Luiz Inácio Lula da SIlva, e Dilma Roussef, quanto os anteriores de Fernando Henrique Cardoso e até o mandato sem iniciativa de Michel Temer se preocuparam em fortalecer as montadoras, com concessões que hoje são alvo de investigações na Justiça (no caso das facilidades concedidas nos mandatos do PT).
Enquanto isso, a pequena loja de auto-peças, a pequena funilaria e os mecânicos dos bairros não merecem nenhum benefício apesar de ser um importante gerador de empregos e de contribuir com impostos altos para o cofre do governo. Esse desprezo também faz sofrer os lojistas de vários ramos e os demais prestadores de serviços
A divulgação, pelo IBGE, de recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) com dados de 2016 mostrando que empresas com até cinco funcionários respondem por mais da metade dos empregos do Brasil reforça a necessidade de as autoridades pensarem mais nos pequenos.
Segundo o estudo, até 2014,a participação dessas pequenas empresas era de 46,6% da força de trabalho, chegando a 50,1% em 2016. Já os que empregam de seis a dez pessoas são 10,6% e de onze a cinquenta são 13,3%. Para as com mais de 51 nomes nas folhas de pagamento o percentual chega a 26%. Isso demonstra também que as gigantescas corporações têm mais facilidade para cortar vagas quando a economia diminui o ritmo.
Esse quadro justificaria que toda prioridade fosse dada aos pequenos e médios empresários de forma a fazer com que os benefícios da recuperação econômica aliviasse mais rapidamente os problemas dos mais pobres. Porém, como aumento na venda de carros (com preços elevados) traz mais visibilidade nas ruas, quando estudam saídas para a crise, os burocratas do Governo pensam logo em baixar impostos e dar facilidades aos grandes.
Enquanto essa mentalidade não mudar, será difícil o Brasil resolver seu problema crônico de desigualdade social e continuaremos vendo lojas sendo fechadas em nossas ruas, colocando no desemprego muitos pais de família, Nesse momento, em que tudo indica que Michel Temer terá mais 14 meses no comando da Nação deve se exigir dele que, em vez de agradar aos grandes e aos políticos que garantem sua sobrevivência no cargo, que pense um pouco nos mais pobres e nos empreendedores que garantem tantos empregos.
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