A Fundação Dorina Nowil vai apoiar o esporte inclusivo. A novidade foi anunciada em um evento que aconteceu nesta terça-feira (2), no Centro do Treinamento Paralímpico Brasileiro. A Fundação é referência em inclusão social de pessoas cegas e com baixa visão e esse é os primeiros passos no apoio ao esporte inclusivo, com o lançamento da Fundação Dorina Esporte.
“Como é bom ter todos reunidos aqui para contar essa novidade tão importante, que marca um novo momento de nossa história. Finalmente a fundação está entrando no esporte”, destacou, Francisco Henrique Della Manna, presidente do Conselho da Fundação Dorina Nowill.
“Seguimos com o propósito de promover autonomia e inclusão de pessoas cegas e com baixa visão na sociedade, para mostrar que as oportunidades são para todos. Por isso é com muita alegria que lançamos hoje, a Fundação Dorina Esporte”, destacou, ainda, Della Manna.
Em consonância com o espírito das Paraolimpíadas, que acontecerão entre agosto e setembro de 2024, a fundação firmou parceria com duas importantes e atuantes equipes do cenário nacional: a Naurú, voltada ao atletismo e a CADEVI, dirigida ao Goalball, pioneira ao trazer a modalidade para o Brasil.
A partir de agora, as duas equipes passarão a chamar Fundação Dorina Esporte Naurú e Fundação Dorina Esporte CADEVI, ambas com novos uniformes os quais estamparão o logo da fundação. Os óculos próprios para os atletas também receberão a marca da Dorina.
“Falar sobre o esporte, para mim, acaba entrando de uma forma muito pessoal, porque eu nasci sem deficiência. Eu não sabia o que era uma pessoa com deficiência. Na minha família nunca teve uma pessoa com deficiência e eu fui a primeira. Eu poderia ter sido a menina que teve um AVC, ou que fez mais de quatro cirurgias na cabeça, ou que teve mais de 200 tumores no corpo, ou que aconteceram “n” coisas ao longo da vida, mas eu me tornei uma campeã mundial, medalhista paralímpica e em breve espero que eu possa me tornar campeã paralímpica”, contou, Verônica Hipólito, atleta do Naurú, campeã e medalhista paralímpica.
A atleta, comemorou a parceria da Fundação Dorina Nowill com o esporte. “Eu estou muito feliz hoje aqui para falar mais uma vez dessa parceria entre a Dorina e a Naurú, estou muito feliz de estar aqui, também, com a CADEVI, que é o primeiro clube de Goalball no Brasil, que trouxe o Goalball para o Brasil, então mostra a importância do que está acontecendo”, pontuou Hipólito.
Ela explicou que, com a parceria, a intenção é trabalhar com crianças, jovens e adultos que queiram tentar a carreira competitiva. “Nós ofereceremos juntos, essa possibilidade para eles, mas também ofereceremos o esporte, o atletismo, pelo prazer. Então àquelas crianças, jovens ou adultos, estaremos aqui para oferecer o aprendizado pelo esporte”, afirmou Verônica.
“Aquela primeira caminhada, aquela primeira corrida, aquela primeira bola que você escuta o guizo. O primeiro prazer pelo esporte, e não somente para pessoas com deficiência visual, mas também para familiares, porque todas as vezes que a gente fala sobre pessoas com deficiência, e sem deficiência também, nós temos que lembrar que o esporte pode e deve se estender às famílias, porque o esporte é para todas as pessoas”, conclui ela.
Yohansson Nascimento é vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, atleta paralímpico, tem seus membros superiores amputados, possui cinco medalhas em Jogos Paralímpicos sendo campeão da modalidade, esteve no evento e ficou feliz com a parceria entre o esporte paralímpico e a Dorina.
“O esporte é maravilhoso. Mudou minha vida. Certamente essa oportunidade que estamos tendo aqui hoje, de incluir o esporte na Fundação Dorina vai ser maravilhoso, com a promoção e inclusão da pessoa com deficiência na sociedade, através do esporte”, salientou Yohansson.
“Certamente a Fundação Dorina descobrirá novos campeões paraolímpicos, campeões mundiais, sei que vai ser de extrema importância mais um braço da fundação agora voltado ao esporte para essa continuidade da inclusão das pessoas cegas e de baixa visão”, disse o vice-presidente.
“Eu sou um filho da fundação, porque eu fiquei cego com 16 anos e aí a fundação me ajudou, ajudou meu pai, ajudou minha mãe. Foi na fundação que eu aprendi a locomoção, que eu tive o primeiro contato com o braile, com a pessoa cega”, expressou Sandro Rodrigues, presidente do CADEVI, agradecendo a “dona Dorina”, patrona da fundação.
A reportagem conversou com Marcelo Panico, 55 anos, advogado e atualmente trabalha na área de relações institucionais advocacy na Fundação Dorina. Ele perdeu a visão com 33 anos de idade. “Eu acredito que a parceria desse momento no esporte, Fundação Dorina e todos os parceiros é fundamental para a gente fazer um processo de inclusão social muito além de medalhas e sermos campeões nas paraolimíadas ou mesmo nas olimpíadas, porque gostei muito dessa parceria no sentido de envolver toda rede sócio assistencial, o vínculo à família e principalmente a quebra de barreiras de atitudes e provocar a sociedade dizendo que a pessoa com deficiência, seja ela qual for, tem muito a contribuir, inclusive, sendo campeão paralímpico”, contou.
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