Pesquisa Datafolha divulgada no domingo (15), a primeira realizada depois da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revelou que, em todos os três cenários com seu nome, o petista lidera com porcentuais que variam entre 30% e 31% das intenções de voto, independentemente do adversário. O que chama atenção é que Lula tem o dobro de pontos do segundo colocado, o deputado Jair Bolsonaro (PSL), que soma 15%.
Outro dado impressionante é que um terço dos eleitores de Lula declararam que preferem votar em branco ou anular se o ex-presidente continuar preso e não conseguir se candidatar. Como hoje são remotas as chances de Lula disputar a eleição porque passou a ser considerado “ficha suja” após condenação em segunda instância, o Brasil pode ter o maior número de eleitores sem candidato da sua história democrática. Os especialistas, inclusive, já afirmam que a prisão do ex-presidente criou uma legião de eleitores que não têm candidato faltando seis meses da ida às urnas.
Lula foi peça central da história política recente do Brasil. Depois de perder a disputa pela Presidência da República três vezes consecutivas, ele ganhou duas eleições e foi o principal responsável pelas vitórias de Dilma Rousseff em 2010 e 2014. Não é exagero dizer, portanto, que Lula venceu quatro eleições seguidas para presidente. Agora, quando tentava o seu “quinto” mandato, o petista foi parar atrás das grades e começou a cumprir pena de 12 anos e 1 mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter, supostamente, recebido da construtora OAS um apartamento triplex no Guarujá em troca de contratos com o governo.
Chamou atenção na pesquisa do Datafolha o fato de os governistas não decolarem, independentemente de quem venha a ser o candidato oficial do Palácio do Planalto, se o atual presidente Michel Temer ou se o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Neste vácuo, ganha espaço Jair Bolsonaro com seu discurso de extrema-direta.
Entre os candidatos “outsiders”, aqueles que não são do meio político, quem mais se destaca e pode obter algum sucesso é o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa. Ele, inclusive, surge à frente do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Com isso, se credencia como um forte pretendente ao Palácio do Planalto. O curioso é que ele foi relator do processo do mensalão do PT no STF.
Barbosa está atualmente filiado ao PSB, mas ainda não definiu se será ou não candidato à Presidência. Ele está em quarto lugar, com 8% das intenções de voto no cenário com Lula candidato. Sem Lula na disputa, Barbosa passa para a terceira colocação, com 9% das intenções de votos, empatado com Ciro Gomes.
Uma coisa é certa, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), segundo colocado na eleição para presidente em 2014, está completamente fora da disputa agora. A Primeira Turma do STF tornou, na terça-feira (17), o senador réu pelos crimes de corrupção passiva e obstrução à Justiça. O tucano é acusado de receber ilicitamente R$ 2 milhões de Joesley Batista, dono da JBS.
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