A Europa, assim como todo o resto do mundo foi muito afetada pela pandemia e fazer uma viagem neste momento ainda pode não ser possível ou recomendado. Seja qual roteiro escolher, nacional ou internacional, pesquise antes, consulte seu agente de viagens e confira como estão as restrições e as prevenções sanitárias ao combate do novo coronavírus no local. Mas não existem restrições para sonhar e planejar. Por isso, pesquise, sonhe e planeje suas próximas férias!
Nesta edição, nosso roteiro de viagem começa há mais de dois mil anos atrás. Isso mesmo. No Egito Antigo. E nem será preciso entrar em alguma pirâmide ou sarcófago para aprender um pouco de história e ver algumas preciosidades daquela época.
O Museu do Louvre, que fica em Paris, na França, tem um dos mais belíssimos e fascinantes acervos da chamada egiptomania.
A exposição das peças permite ao visitante uma compreensão mais abrangente da cultura egípcia. O percurso da visita foi criado em ordem cronológica, desde a pré-história da arte egípcia, cerca de 4000 anos a.C., até o reinado da Rainha Cleópatra, aquela que seduziu Júlio César e Marco Antônio e acabou se suicidando deixando-se picar por uma cobra, no ano 30 antes de Cristo. Tudo, mas tudo mesmo é muito fascinante e provoca o imaginário de qualquer um.
O primeiro europeu a se interessar pelos faraós do Egito foi Napoleão, no Século XVIII. Ele desembarcou no Nilo com seus sonhos imperiais, acompanhado por uma equipe de cientistas encarregada de descobrir as maravilhas soterradas. Claro que o objetivo era levar para a França tantas peças quanto fossem possíveis.
Depois disso, outros cientistas e outros mercenários cavoucaram as terras e as pirâmides em busca destes tesouros e os franceses fizeram isso com especial intensidade e especial interesse.
O fascínio francês pelo Egito pode ser notado na própria fachada do Museu do Louvre. Ampliado e reformado na década de 80, ganhou uma pirâmide de vidro. O resultado foi surpreendente, uniram-se, com muito sucesso, a forma faraônica com a austeridade neoclássica da arquitetura do museu.
Um dos tesouros do fabuloso acervo do museu ficou fechado para uma reforma que custou mais de 9 milhões de dólares e permitiu a exposição das 2000 peças que estavam estocadas em seus porões.
As maravilhas egípcias do local são incontáveis. Uma delas chama especialmente a atenção do visitante. Trata-se de 24 metros de papiros do “Livro dos Mortos”, um tipo de breviário das almas para a vida além-túmulo, compilado cerca de 1600 anos antes de Cristo; e ainda a reconstituição de algumas tumbas de várias dinastias.
Existem também as obras tradicionais, como a estátua de bronze incrustada de ouro e prata da Rainha Karomana (1000 a.C.); a estátua da Rainha Hatshepsut, a única mulher-faraó do Egito, que viveu por volta de 1500 a.C., cujo templo na cidade de Luxor foi alvo de um atentado terrorista em 1998 que matou cerca de 53 turistas; ou ainda a escultura com os traços tristes do rosto de Sesóstris III, que viveu no ano de 1850 a.C. e ampliou o império para o sul do Egito, revelando-se um dos maiores fazedores de obras de seu tempo.
O Escriba Sentado foi descoberto em Saggara, no ano de 1850 e data do período da quarta dinastia do Império Antigo, por volta de 2620 a 2500 a.C e também pode ser admirado no Louvre, assim como o Sarcófago de Ramsés III em quartzito vermelho.
Voltando ao Napoleão Bonaparte, quando ele invadiu o Egito pretendia se comparar aos grandes conquistadores da Antiguidade, mas não teve muito sucesso nesta empreitada. Em compensação, pode-se dizer que foi Napoleão quem inaugurou a egiptologia, através da obra “Descrição do Egito”, uma enciclopédia de vinte volumes editada no período de 1809 a 1828 pela equipe de 150 naturalistas, engenheiros, matemáticos e desenhistas que Bonaparte levou em sua viagem. A França também é o berço da egiptomania, uma versão mais light do estudo das civilizações dos faraós. E esta mania cresce sem parar, influenciando até o mundo da moda, a arquitetura, o cinema e a literatura.
O historiador e linguista francês Jean-François Champollion foi quem desvendou o quebra-cabeças da escrita antiga e foi ele também quem inaugurou a seção de antiguidade egípcias no Louvre em 1826. E foi por causa de seu trabalho que o Rei Carlos X liberou uma verba especial para que o museu adquirisse as coleções dos diplomatas europeus que tinham servido no Egito. Assim, durante décadas seguidas o Louvre acumulou a maior coleção de antiguidades fora do Egito, num total de 55 mil objetos, entre murais, peças de estatuária e arquitetura. Enumeramos apenas as peças referentes ao Egito, o Museu, como um todo, é um “mundo de maravilhas” que você não consegue ver num dia só.
Nós estamos falando apenas da coleção egípcia do Museu do Louvre, mas o local tem muito mais para se ver e evidentemente Paris não se resume somente nisso. A “Cidade Luz” começa a se reerguer, mas ainda convive com a sombra do novo coronavírus. Ainda que com restrições, Paris tem inúmeras atrações e uma completa infraestrutura para atender aos turistas e estudantes do mundo inteiro, oferecendo lazer e cultura ao mesmo tempo.
Você não pode deixar de ir, não pode deixar de “tomar um banho de cultura” no Velho Mundo.