Educação tem de ser prioridade

Os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) divulgados na terça-feira (3) são alarmantes. Revelam que metade dos estudantes brasileiros de 15 anos ainda não consegue compreender um texto. Pior: dois terços sabem menos que o básico de matemática.
O Pisa é uma avaliação mundial feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 79 de países, com provas de leitura, matemática e ciência, além de educação financeira com 600 mil estudantes, professores, diretores de escolas e pais. Os resultados mostram que o desempenho dos estudantes brasileiros está estagnado desde 2009. O Brasil aparece entre as 20 piores colocações no ranking internacional. A pior situação é em matemática, área em que o Brasil segue entre os dez piores do mundo.
Outro dado que chama atenção é a enorme desigualdade do Brasil. A nota das escolas particulares de elite colocaria o País na 5ª posição do ranking mundial de leitura do Pisa, ao lado da Estônia, que tem o melhor desempenho da Europa. Quando se analisa o resultado das escolas públicas, o Brasil estaria na 65ª posição entre 79 países.
Esse tipo de distorção é inadmissível para um País que se propõe a ser justo. A verdade é que o Brasil como um todo vai muito mal em educação. É lamentável que exista um abismo tão grande entre os estudantes. Uma pequena elite intelectual de primeiríssima linha vive em uma bolha, na qual os pais desejam mesmo é que os filhos estudem no exterior.
O conceito de educação precisa ser muito mais amplo se o Brasil quiser avançar. É preciso ter consciência de que educar o filho não é apenas matriculá-lo na escola. É preciso cobrar qualidade no processo pedagógico. E isso inclui principalmente as famílias mais pobres de regiões periféricas.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que o resultado ruim do Brasil na prova do Pisa é “integralmente culpa do PT”. De fato, os números divulgados na terça-feira são relativos à edição 2018 do exame e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assumiu a Presidência da República em 2019. O momento, no entanto, não é de apontar o dedo para o passado e criticar gestões anteriores. É preciso ir além e criar soluções capazes de tirar o Brasil dessa incômoda situação.
É fundamental que a formação dos professores seja voltada para a prática e garanta o foco no aprendizado do aluno. O Brasil precisa ter uma política educacional nacional bem definida, que selecione os melhores para serem professores.
A conclusão do estudo é de que o desempenho ruim dos alunos brasileiros no Pisa não reflete somente falta de conhecimento, mas também outros fatores financeiros e sociais. O Brasil, nos últimos anos, tem vivido uma grave crise econômica que afeta – e muito – a vida de milhões de famílias. É impossível excluir a escola desse contexto. Por isso, educação tem de ser prioridade. Somente com um ensino de melhor qualidade é que conseguiremos melhorar economicamente e socialmente.

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