Há quem defensa que a escolha dos governadores e deputados estaduais não deve coincidir com a eleição presidencial e do Congresso Nacional. O argumento é que, no Brasil, há uma tendência de se concentrar a atenção na campanha federal, deixando o destino dos estados em segundo plano. Assim, o noticiário, os debates nas comunidade e até as conversas em família acabam focalizando com maior interesse o voto para presidente.
Isso gera alianças estranhas e incoerentes na formação das chapas, com partidos unidos no plano federal se digladiando no estadual. A consequência é a dificuldade de renovação política nas assembleias e nas bancadas no Congresso.
Uma análise do quadro político paulista reforça o alerta sobre a necessidade de um olhar mais cuidadoso da população para a escolha do governador. As eleições de 1982, 1986 e 1990 foram vencidas pelo PMDB (que nasceu como MDB e hoje voltou a denominação origina). As eleições de 1994 até a última tiveram como vitoriosos candidatos do PSDB (partido formado por dissidentes históricos do PMDB).
Apesar de termos mais de uma dezena de concorrentes oficializados em convenção, as pesquisas atuais indicam uma polarização entre o tucano João Doria e o representante do MDB, Paulo Skaf, o que manteria a tendência das últimas três décadas. Quando se analisa a história política de outros estados, descobre-se que são raríssimas as alternâncias de comando. A fuga dessa realidade viciada só será possível, caso os eleitores analisem com o devido cuidado e escolham bem quem estará dirigindo seu estado a partir de 1º de janeiro.
Em São Paulo, os líderes das pesquisas, nesse momento, são dois nomes que se destacaram bastante na mídia. Doria por ter deixado a prefeitura da capital, um ano e meio após assumir, esquecendo a promessa de campanha e Skaf por presidir a poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e aparecer constantemente em campanhas publicitárias bancadas pelos Sesi e Senai (orgãos mantidos por recursos federais através do chamado Sistema S).
Tentando se tornarem participantes efetivos da disputa, concorrem o atual governador Márcio França (PSB), que herdou o cargo por ser vice do candidato tucano a presidente Geraldo Alckmin e o ex-ministro do Trabalho e ex-prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, que espera usufruir do prestígio de seu cabo eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pretendente a disputar o Palácio do Planalto que provavelmente será impedido pela Justiça por estar preso em Curitiba.
Em ordem alfabética, temos também Adriano Costa e Silva (DC), Cláudio Fernando Aguiar (PMN), Edson Dorta (PCO), Marcelo Cândido (PDT), Rodrigo Tavares (PRTB), Rogerio Chequer (Novo) e Toninho Ferreira (PSTU) completando a lista dos candidatos que os paulistas encontrarão nas urnas e nos quais poderão votar.
A falta de tempo para análises das propostas de governo e a centralização do interesse popular na escolha do presidente da República apontam que a disputa se resumirá aos nomes com tempo maior na propaganda de rádio e TV e que possuem estruturas partidárias mais fortes. Só resta esperar que São Paulo consiga escolher o melhor no dia 7 de outubro.
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