Pesquisa Datafolha divulgada na terça-feira apontou que a reprovação do prefeito João Doria (PSDB) cresceu e atingiu o mesmo nível Fernando Haddad (PT), seu antecessor. De acordo com o Datafolha, 39% dos moradores de São Paulo consideram a gestão de Doria ruim ou péssima. É exatamente o mesmo índice de desaprovação de Haddad ao final de seu primeiro ano à frente da Prefeitura, em 2013.
Um dado é sintomático: do início do ano até agora, a aprovação a Doria caiu 15 pontos percentuais (44% para 29%), enquanto a reprovação nesse mesmo período cresceu 26 pontos (13% para 39%). Incomodado com o resultado, Doria refutou qualquer tipo de comparação com Haddad e prometeu que irá trabalhar mais e ter mais foco na zeladoria, uma das áreas mais criticadas da atual gestão.
A chegada do verão, nos próximos dias, serve de alerta para moradores e políticos da maior cidade do País. A temporada das chuvas mais fortes é sempre um período crítico para o paulistano.
E não adianta o Doria colocar a culpa na chuva. É obrigação daqueles que administram uma metrópole com um orçamento bilionário como São Paulo preparar a cidade para enfrentar esse problema tão previsível. A única justificativa para São Paulo ficar debaixo d’água é se a cidade fosse vítima constante de tempestades e ciclones, o que não é o caso.
Na região, por exemplo, temos o Riacho do Ipiranga, que ano após ano transborda e inunda a avenida Ricardo Jafet em diversos pontos. Os moradores do entorno já estão cansados de obras intermináveis e promessas vazias dos governantes. O fato é que a cada chuva mais forte, eles têm de correr para tentar salvar seus bens, o que nem sempre é possível.
O que falta a São Paulo são obras estruturais e com soluções a longo prazo. Remendar um cano estourado ou consertar uma galeria que não suportou a força da água é como enxugar gelo. A cidade precisa de novos piscinões, uma limpeza eficaz de seus principais rios e afluentes e outros investimentos que façam o paulistano parar de sofrer tanto toda vez que o verão se aproxima.
A “selva de pedra” está cada vez mais impermeável. As obras são feitas em sua maioria pensando somente no imediatismo, sem a mínima preocupação com o escoamento ou absorção da água. E a responsabilidade não é exclusiva de Doria. O governador Geraldo Alckmin também tem a sua parcela de culpa, principalmente nas obras intermunicipais que integram a região da Grande São Paulo, como nos rios Tietê e Tamanduateí. O fim das enchentes, inclusive, passa por uma união de esforços dos governos municipal, estadual e federal.
É preciso ressaltar também o papel da população. É inadmissível ver milhares de garrafas pets, sacolas e outros objetos boiando sobre os rios ou impedimento a passagem da água nos bueiros. O descarte de verdadeiras montanhas de entulho nas ruas é outro fator que contribui, e muito, para o alagamento das vias e transbordamento dos rios.
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