João Doria (PSDB) deixará a Prefeitura de São Paulo na próxima semana apenas 15 meses depois de assumir o cargo e vai se dedicar à campanha de governador do Estado. O prefeito, eleito em 2016 com o discurso de não era político, mas sim um gestor, repete José Serra, também do PSDB, que em 2006 não chegou a completar nem um ano e meio na Prefeitura e saiu do comando da cidade para disputar a eleição para governador.
A lista de promessas feitas por Doria aos seus eleitores que não será cumprida é longa e o paulistano sente isso na pele todos os dias. Na tarde da terça-feira da semana passada (20), por exemplo, uma criança de 1 ano e 8 meses morreu após ser levada por uma enxurrada durante o temporal que atingiu a cidade de São Paulo no primeiro dia de outono. Uma idosa de 85 anos também morreu durante o temporal, assim como um vigilante, de 43 anos, que estava trabalhando e foi atingido por árvore em Alto de Pinheiros.
No total, a cidade registrou 52 pontos de alagamentos e 222 famílias desabrigadas. Um dia depois, cerca de mil pessoas ainda estavam fora de suas casas por causa das chuvas. O sistema de drenagem das galerias pluviais da cidade não deu conta e não teve a rapidez necessária para evitar que a maior cidade do País se transformasse em um verdadeiro caos.
A principal queixa a Doria é que ele falhou sobretudo nos projetos de zeladoria. Ou seja, cuidar da cidade. Seus opositores também o acusam de usar a Prefeitura como “trampolim” para buscar voos mais altos na carreira política. Primeiro, ele tentou ser candidato à Presidência da República e chegou a deixar São Paulo por vários dias para visitar outros estados. Como o plano não deu certo, Doria partiu para o seu projeto pessoal de ser governador do Estado.
Não à toa, um dia depois de vencer as prévias do seu partido para disputar o Palácio dos Bandeirantes, Doria assumiu agenda com tom eleitoral. O prefeito visitou as obras de requalificação da praça 14 Bis, na Bela Vista. Foi lá onde ele teve sua primeira ação à frente da administração, em 2017, quando fez a varrição simbólica do espaço vestido de gari. Na segunda-feira (19), Doria posou para fotos, abraçou e beijou mulheres e crianças.
O marketing pessoal de Doria, tão elogiado por algumas pessoas, tem sido justamente o calcanhar de Aquiles do prefeito. Na semana passada, a juíza Carolina Duprat Cardoso, da 11ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, aceitou ação de improbidade administrativa contra o Doria por causa do uso da marca “SP Cidade Linda”. O prefeito é acusado de usar a marca para “a promoção pessoal”. Vale lembrar que antes a Justiça já havia proibido Doria de usar também o slogan “AceleraSP” por utilizar a publicidade oficial da gestão, sem caráter educativo, informativo ou de orientação social.
A passagem fugaz de Doria pela Prefeitura de São Paulo não deixará saudades para os paulistanos. O legado de Doria é praticamente nulo. O seu eleitor, que imagina que estava elegendo um “gestor”, viu, na verdade, que o tucano era mais um político como tantos outros.
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