Muitos dos problemas do Brasil são gerados pela falta de cuidado com o dinheiro público. Um exemplo é o Parque Olímpico da Barra da Tijuca, usado nos Jogos Rio-2016. Três anos depois da Olimpíada, o espaço enfrenta problemas de conservação e falta de pessoal para fazer a manutenção , de acordo com inspeção realizada pela CGU (Controladoria-Geral da União) e o Ministério Público Federal no Centro Olímpico de Tênis, no Velódromo e nas Arenas Cariocas 1 e 2. Relatório apontou “precariedade na gestão patrimonial” e outras falhas.
Fotos publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo mostram um almoxarifado improvisado no Centro de Tênis, com centenas de equipamentos amontoados, como cabos, baterias e estruturas provisórias. O grande problema é que falta quem cuide do Parque Olímpico. Desde o fim da Autoridade de Governança do Legado Olímpico (Aglo), em 30 de junho, o Parque está sob a gestão da Secretaria Especial do Esporte, vinculada ao Ministério da Cidadania, que cortou verba e funcionários.
Sem conservação, o Governo Federal tem enfrentado dificuldades para negociar parcerias com a iniciativa privada para encontrar uma destinação ao espaço. Nem mesmo o Ministério da Economia tem encontrado soluções para definir como ficará a gestão do Parque Olímpico nos próximos meses.
Há um descaso total com o bem público. Durante inspeção no mês passado, a CGU e o MPF constataram que nove agentes públicos estavam atuando no local em uma área de 1,18 milhão de metros quadrados do Parque Olímpico. Antes, eram 95 funcionários e, após redução no quadro, nos últimos meses 70 pessoas estavam trabalhando na autarquia federal. Agora, o número não chega a dez. Está mais do que claro de que a equipe é insuficiente para controle e gestão dos equipamentos.
Elevadores não estão funcionando e não há data para voltarem a operar. Ou seja, o Parque Olímpico é um espaço público sem acessibilidade. Uma vergonha, principalmente porque a expectativa era de que a Olimpíada de 2016 pudesse ser um marco de desenvolvimento na história do Rio.
Não há nem mesmo um inventário sobre o material guardado no Parque Olímpico. No prédio anexo à quadra externa do Centro de Tênis, por exemplo, estão armazenados itens retirados de outros locais que poderiam ser reutilizados dentro do próprio Parque. O prédio, inclusive, apresenta várias rachaduras e manchas de infiltração.
O Parque Olímpico é apenas um exemplo entre centenas de obras feitas com o dinheiro do povo e que acabaram largadas pelos órgãos dos governo federal, estadual e municipal. Está mais do que na hora de as autoridades apertarem o cerco e a fiscalização para que as construtoras finalizem obras pendentes. Quem não cumprir as regras, terá de devolver, corrigidos, os recursos já recebidos da União.
A crença de que dinheiro público não é de ninguém só serve para atrasar o Brasil. Na verdade, dinheiro público não tem dono porque é todos brasileiros. Por isso, precisa ser muito bem administrado. Hoje e sempre.
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