A crise na Bolívia pode afetar – e muito – ao Brasil. Há sério risco de interrupção no fornecimento de gás natural, lembrando que vem do país vizinho cerca de 30% de toda a energia deste tipo aqui consumida Manifestantes ligados ao ex-presidente Evo Morales já paralisaram a produção de uma usina de gás natural e o temor é de que os distúrbios saiam do controle.
O número de mortos durante os protestos na Bolívia aumentou para sete na terça-feira, após 23 dias de manifestações a favor e contra Morales, que renunciou à presidência no domingo. A maioria das vítimas morreu devido ao impacto de projéteis de armas de fogo. O que chama atenção também é o uso de dinamites por parte dos manifestantes.
Tudo começou quando a oposição denunciou graves irregularidades na apuração dos votos nas eleições presidenciais. A denúncia foi referendada por uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA). Morales, que buscou asilo político no México, denuncia que sofreu “o golpe mais ardiloso e nefasto da história”. A declaração foi feita logo depois da proclamação da senadora opositora Jeanine Áñez como presidente interina.
Áñez assumiu na terça-feira a presidência interina da Bolívia em uma sessão no Parlamento que não contou com a presença dos representantes do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales. A situação é tensa.
Como bem definiram 15 países que integram a OEA, incluindo o Brasil, é necessária a convocação de novas eleições bolivianas “o mais rápido possível”. É fundamental também que essas eleições contem com novas autoridades eleitorais e observadores internacionais para poder gerar credibilidade na população.
Neste momento, os países vizinhos à Bolívia têm de unir esforços para que a crise política não piore ainda mais. Por isso, o Brasil tem papel importante, já que é o maior país da América do Sul. Respeitando a soberania e a independência da Bolívia, toda e qualquer ação do Brasil tem de ter como objetivo prevenir o agravamento da situação e propiciar condições para eleições pacíficas, transparentes e inclusivas.
A Bolívia está completamente paralisada. Os conflitos social e político na Bolívia provocaram até o cancelamento de eventos esportivos no país. O Campeonato Boliviano, por exemplo, está suspenso por tempo indeterminado. Competições internacionais foram transferidas e atletas estrangeiros não têm conseguido deixar o território boliviano.
Brasília está sediando a Cúpula do Brics a ser encerrada nessa quinta-feira (14) . Na agenda dos chefes de governo do Brasil, da Rússia, Índia, China e África do Sul está a ampliação da atuação do bloco, mas principalmente o aumento de crises políticas na América Latina. Por isso, é hora de o governo do presidente Jair Bolsonaro abandonar o discurso antiglobalização da política externa brasileira. Está mais do que provado de que a crise na Bolívia é um problema que interessa – e muito – ao Brasil.
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