O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou na terça-feira (8) que estudos estão sendo feitos pelo governo para aumentar mais impostos. O objetivo é melhorar a arrecadação para cobrir o déficit das contas do governo que era de R$ 56 bilhões em junho. Entre as medidas discutidas pela equipe econômica está o aumento do Imposto de Renda para as pessoas físicas, que poderia chegar a 35%.
Pegou muito mal a declaração de Temer. Até o aliado e presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), criticou. O parlamentar bateu forte e afirmou que “o Brasil não aguenta mais a ineficiência do Estado brasileiro”. Maia também garantiu que a proposta “não passa” se precisar da aprovação dos parlamentares.
Já o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade, foi categórico ao classificar como “retrocesso” uma eventual alta de tributos. Disse ainda que “o governo dá um sinal errado, na hora errada”.
Diante uma repercussão tão negativa, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência correu para distribuir nota à imprensa na qual diz que o presidente Michel Temer fez apenas “menção genérica” sobre a possibilidade de aumento do Imposto de Renda e se comprometeu a não a enviar nenhuma proposta desse tipo ao Congresso.
O Governo, no entanto, avalia aumentar outros impostos, como cobrar a distribuição de dividendos e lucros na Pessoa Física e também na Pessoa Jurídica (PJ). Junto com o fim da isenção para LCI e LCA, a Receita Federal quer fazer uma revisão da tributação de outros instrumentos financeiros numa única alíquota. Fundos de investimento imobiliário devem perder a isenção.
Nesse momento, a preocupação de Temer e de seus aliados é montar uma estratégia para fazer crescer a arrecadação sem arcar com o custo político que isso teria às vésperas das eleições de 2018, afinal todos estão de olho nas urnas no próximo ano. De nada adianta tudo isso, se, de 1991 a 2016, o gasto público brasileiro como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) dobrou. O que o Brasil precisa é cortar gastos desnecessários, elevar a produtividade e a competitividade das empresas e melhorar o ambiente de negócios.
É isso que o povo espera de Temer para o restante do seu mandato, e não aumento de impostos. O trabalhador não aguenta mais suar a camisa para pagar as benesses de uma minoria. O brasileiro trabalhará 153 dias em 2017 só para pagar impostos, apontou pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). A exemplo do que ocorreu no ano passado, 41% de todo o rendimento já é destinado ao pagamento de impostos, taxas e contribuições dos governos federal, estadual e municipal. Isso é um absurdo!
Na comparação com outros países, o Brasil está na 8ª posição no ranking das maiores cargas tributárias. O grande problema é que os serviços oferecidos pelo Estado brasileiro são, em sua maioria, de péssima qualidade, sobretudo quando comparados com os países que estão à frente do Brasil na lista (Dinamarca, França, Suécia, Itália, Finlândia, Áustria e Noruega).
Check Also
Pandemia não está no ‘finalzinho’
Por mais que o presidente Jair Bolsonaro tenha afirmado, ainda em dezembro, que o Brasil …