Se para alguns, uma Copa de futebol é apenas motivo para competição entre povos, para outros, pode ser histórias de vida. A grande final paulistana da Copa dos Refugiados foi realizada no domingo (2), no Estádio Jack Marin, dentro do Parque da Aclimação. O evento é uma iniciativa da ONG África do Coração.
A disputa bem equilibrada entre os times do Níger e Nigéria animou a arquibancada. No primeiro tempo de partida, a equipe do Níger saiu na frente fazendo os dois primeiros gols. No segundo tempo, a Nigéria empatou e a partida foi parar nos pênaltis e diferente do seu adversário, o Níger errou apenas uma cobrança e sagrou-se campeão. A seleção vai representar a cidade de São Paulo na etapa nacional. “A Copa dos Refugiados é um evento que vai muito além do esporte e de partidas de futebol. A competição dá visibilidade dada à causa dos refugiados e a esse tema que está cada vez mais presente no nosso cotidiano”, destaca o secretário municipal de Esportes e Lazer, João Farias.
Natural de Aleppo, na Síria, Hadí Bakkour, de 23 anos, deixou os pais, a família e a faculdade de economia há quatro anos para buscar uma maneira de viver sem ter que se enquadrar em padrões prescritos pela sociedade. “No meu país, o serviço militar é obrigatório. E eu não queria matar ninguém. Sofria pressão por não ir para o treinamento, estudava economia por escolha da minha família. Mas sempre quis ser ator”, lembra ele.
Na capital fluminense, Hadí lutou para garantir a moradia. Foi cozinheiro de restaurante, trabalhou com turismo e foi recepcionista em hotel. Foi aqui que ele encontrou as portas para seguir a vida que sempre sonhou. Com a equiparação dos diplomas, ingressou na faculdade de Direção Teatral na Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ) e começou a dar aulas de árabe para se manter. As peças de teatro das quais participa, volta e meia, rendem um dinheirinho, que ele faz questão de mandar para os pais quando dá.
Do futebol, que ele jogava frequentemente na Síria, ele havia dado um tempo desde que chegou no Brasil. A Copa dos Refugiados promoveu o reencontro dele com o esporte que o acompanhou a vida toda.
Os imigrantes que chegam à capital podem ser atendidos em diversos idiomas como português, espanhol, francês, inglês, árabe, crioule, suahili, lingala, entre outros no Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI), administrado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDH). O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, na Rua Major Diogo, 834 – Bela Vista, ofertando orientação para regularização migratória.
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