A casa Bandeirista do Sítio da Ressaca construída em meados do século XVIII com valor histórico a arquitetônico indiscutível pede socorro. Atualmente encontra-se sustentada por escoras de madeira para não ruir de vez. Com enormes rachaduras por todos os lados e com as portas e janelas com seu madeiramento original de canela preta bastante comprometidas por cupins, o imóvel segue esquecido do poder público.
“Há meses eu venho acompanhando com temor o avanço de sua rápida deterioração. Um monumento da história de São Paulo tão importante e exemplar raro das construções coloniais não pode ficar abandonado a espera do seu fim”, disse uma frequentadora do espaço. “Em tempos de debates sobre a valorização da cultura negra e valorização de nossas raízes e ancestralidade afro brasileira temos tão poucos vestígios dessa história e estes poucos ficam a mercê do tempo e do descaso. Não podemos deixar que mais um importante símbolo histórico, arquitetônico e cultural desapareça. Fica aqui meu alerta”, completa.
Na área onde fica localizado o Sítio encontra-se também o Centro de Culturas Negras do Jabaquara “Mãe Sylvia de Oxalá” Com sua sede ao lado da casa bandeirista. Atualmente o Complexo é referencia na Cultura Negra e oferece diversos cursos e oficinas e promove atividades culturais.
Construída em taipa de pilão, tem planta assimétrica. Um segundo andar que servia de cozinha e telhado em duas águas. O Sargento-Mór Lopes de Medeiros foi primeiro proprietário do Sítio da Ressaca, à época chamado de Sítio Piranga. Passou por diversos donos até que a parte do sítio que continha a casa foi vendida em 1908 para Antonio Cantarella, responsável pela urbanização do bairro do Jabaquara, e foi um sítio familiar até 1969. Nesta ocasião houve nova divisão da área, com uma parte sendo loteada e outra acabou desapropriada pelo Metrô de São Paulo, para construção do pátio de manobras.
O tombamento (CONDEPHAAT) foi decretado em 1972, com base no valor histórico do imóvel. Após sofrer um incêndio em 1986 passou por novas obras de restauro e tombada pelo IPHAN. A história do Sítio da Ressaca confundiu-se com a própria história da origem do bairro Jabaquara.
O bairro está vinculado a caminhos que levavam à região da Serra e ao litoral. Não existe registro histórico, mas acredita-se que o Sítio da Ressaca tenha servido como ponto de descanso e passagem de escravos fugidos vindos do interior paulista rumo ao quilombo do Jabaquara. Os escravos eram escoltados por “Caifazes” até o começo da Calçada do Lorena, uma via de acesso ao litoral em desuso na época.
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