O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na semana passada, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). Essa pesquisa trouxe um levantamento oficial de emprego de abrangência nacional e os números são alarmantes. O País contava com 12,3 milhões de pessoas em busca de emprego no final do ano passado. A taxa de desemprego média de 2017 foi de 12,7%, a mais elevada dentro da série histórica iniciada em 2012.
O Brasil até gerou 1,8 milhão de novos postos no ano passado, mas se trataram de vagas sem carteira assinada ou para trabalhos por conta própria, onde os ganhos são menores. Com isso, 2017 foi encerrado com mais trabalhadores sem carteira (11,1 milhões) e por conta própria (23,1 milhões) do que a soma do contingente com carteira assinada (33,3 milhões).
No ano passado, as empresas reduziram 685 mil postos com carteira, enquanto vagas por conta própria cresceram em 1,07 milhão e sem carteira, 598 mil. Ainda segundo a pesquisa do IBGE, somente em 2017 mais de 1 milhão de ocupados deixaram de contribuir para a Previdência Social.
O chamado trabalho “por conta própria” inclui profissionais autônomos, como advogados e médicos, mas também trabalhadores informais, como vendedores ambulantes ou o chamado “bico”. A bem da verdade é que o brasileiro tem aceitado salários menores e postos sem carteira para conseguir driblar desemprego.
Enviar currículos para diferentes empresas virou rotina diária para milhões de brasileiros. Especialistas apontam que a crise foi tão grave e prolongada que nos últimos dois anos eliminamos vagas que ainda vamos levar ao menos quatro anos para repor. Neste cenário, o emprego formal, com carteira assinada, é o que mais demora a reagir.
O que não faltam para os brasileiros são motivos para esperar um 2018 muito difícil novamente. Há uma grande desconfiança de boa parte dos investidores sobre a capacidade de o governo cumprir a sua meta de equilíbrio das contas públicas para o ano.
É preciso que o governo encontre alternativas que não sejam apenas diminuir seus investimentos e aumentar os impostos pagos pelo trabalhador. O Estado brasileiro precisa ser mais eficiente. É necessário gastar menos e melhor.
A insatisfação do povo é geral. O governo de Michel Temer é ruim ou péssimo para 70% dos brasileiros, como registrou pesquisa Datafolha realizada nos dias 29 e 30 de janeiro. Em todo o País, apenas 6% dos entrevistados consideram o governo bom ou ótimo.
O trabalhador tem sofrido cada dia mais para pagar as suas contas. Previsões mais otimistas apontam que a situação vai melhorar a partir do próximo ano. Há, no entanto, especialistas que dizem que o Brasil só deve se recuperar em 2020. Mesmo assim, será necessário tomar medidas de austeridade, como cortes profundos nos gastos públicos. Se isso não for feito, com urgência, a carteira assinada foi continuar sendo um sonho inatingível para milhões de trabalhadores.
Check Also
Pandemia não está no ‘finalzinho’
Por mais que o presidente Jair Bolsonaro tenha afirmado, ainda em dezembro, que o Brasil …