A coleção de frases indecentes do presidente Jair Bolsonaro teve um dos seus piores capítulos na terça-feira (10). Primeiro, ele comemorou nas redes sociais a morte de um voluntário dos testes de uma vacina contra o novo coronavírus, depois disse que o Brasil era um País de “maricas” e ainda desafiou abrir guerra contra os Estados Unidos depois da eleição de Joe Biden.
Seria cômico se não fosse trágico. Ninguém mais leva o presidente a sério. Tudo o que ele fala é tratado como bobagem. Isso é muito ruim para o Brasil.
Seu governo vive de frases polêmicas e poucas ações para resolver os problemas do Brasil. São mais de 160 mil mortos por causa da pandemia da covid-19, 14 milhões de trabalhadores sem emprego e um Estado, o Amapá, sem energia e à beira do caos. A situação do Brasil, hoje, é uma vergonha e o presidente é o principal responsável por isso.
Até os militares, que formam a base de apoio de Bolsonaro, já não acreditam mais no presidente. Essa aventura bélica contra os EUA pegou muito mal nas Forças Armadas, que agora viraram motivo de chacota nacional. Logo após a declaração de Bolsonaro sobre um possível embate com os norte-americanos começaram a aparecer nas redes sociais centenas de piadas ironizando a capacidade do Exército Brasileiro. Teve gente que lembrou, por exemplo, do personagem sargento Pincel, dos Trapalhões, ou que os militares do País só “matam o inimigo de pena”. Ou seja, o presidente não apenas foi extremamente infeliz como ainda desmoralizou o Exército Brasileiro.
A bem da verdade é que Bolsonaro está cada vez mais isolado. As eleições municipais, inclusive, reforçam a ideia de que milhões de brasileiros se arrependeram de votar nele em 2018. Praticamente todos os candidatos a prefeito apoiados pelo presidente estão muito mal nas pesquisas de intenção de voto e não devem ser eleitos, a começar pelas duas maiores cidades do Brasil: Celso Russomano em São Paulo e Marcelo Crivella, no Rio.
Muito desse desempenho ruim dos candidatos de Bolsonaro se deve à péssima maneira como o presidente vem conduzindo o combate à pandemia, inclusive ao politizar o desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus, como vem ocorrendo nos últimos meses. Bolsonaro claramente se mostra contrário à CoronaVac, vacina desenvolvida no Brasil pela empresa chinesa Sinovac e o Instituto Butantan, vinculado ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O tucano e Bolsonaro estão em rota de colisão desde o início da pandemia e se tornaram adversários políticos declarados depois de se aliarem em 2018.
O triste é que nesse batalha não há vencedores ou derrotados. Todos os brasileiros perdem. Por isso, de nada adiantou Bolsonaro festejar na terça-feira a suspensão dos testes após a morte de um voluntário. Logo no dia seguinte, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que os testes da CoronaVac serão retomados no Brasil, já que se tratava de um “óbito não relacionado à vacina”. Por mais que Bolsonaro esperneie, prevaleceu o critério científico.
Check Also
Pandemia não está no ‘finalzinho’
Por mais que o presidente Jair Bolsonaro tenha afirmado, ainda em dezembro, que o Brasil …