Artistas fazem manifestação em frente à Cinemateca Brasileira

O final feliz para a história da Cinemateca Brasileira parece estar longe de acontecer. Na terça-feira (27), cerca de 200 pessoas estiveram presentes a mais um ato de apoio à reabertura do espaço cultural.
Com a organização e abertura foi conduzida pelo cineasta Roberto Gervitz. “O ato seguiu com discursos de repúdio e indignação pela situação crítica e vexatória a que a Cinemateca está sujeita nestes 300 dias de absoluto abandono pelo Governo Federal”, afirmou Gervitz.
Sentados nas ruas e calçadas, manifestantes acompanharam as falas dos cineastas Francisco Martins e Tizuka Yamasaki, da Débora Butruce (presidente ABPA) e do documentarista Sergio Muniz. Os cineastas Marcelo Machado, Helena Tassara e Rachel Monteio também prestigiaram o evento.
O futuro incerto da Cinemateca tem sido debatido em diversos encontros pelos profissionais do segmento e os apaixonados por cinema. “Difícil fechar os olhos e ignorar a atual situação da Cinemateca. Estão destruindo o nosso passado e consequentemente o nosso futuro. A arte está gritando por socorro”, disse a estudante e vizinha da Cinemateca, Camila Fortunato.
A preocupação dos manifestantes tem nomes. O arquivo completo de Glauber Rocha, maior expoente do Cinema Novo. As películas do cinejornal futebolístico Canal 100, feitas entre 1958 e 1986. As gravações de Marechal Rondon sobre as Forças Expedicionárias Brasileiras. O original de O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto, que fez sucesso em Cannes e é considerado o primeiro filme brasileiro com reconhecimento internacional. Esses são alguns dos tesouros guardados no maior acervo de imagens em movimento da América do Sul, e que estão em risco de desaparecer.
“A Cinemateca não abrigava apenas a história do cinema, mas uma parte importante da história do Brasil. Não podemos apenas ignorar ou arrumar um outro lugar e expor o que temos. O lugar dessas relíquias é aqui. O espaço físico tem um com texto”, defende a artista Marina Saraneivo.