Estive na Caixa Cultural para ver a exposição do Tom Zé e para meu espanto os 80 anos do artista ocupam apenas uma sala do espaço. Pouco interativa e instigante, a exposição se resume em uma linha cronológica, três instrumentos criados por ele e seus álbuns disponíveis para quem quiser escutar. Como fiquei bastante desapontada com o que vi, resolvi explorar os outros andares e tive uma grata surpresa ao conhecer o trabalho de Anna Bella Geiger, artista carioca com mais de 50 anos de trabalho.
“Gavetas de Memórias” apresenta trabalhos inéditos de Geiger de uma maneira muito sensível. É preciso atenção no olhar para compreender como ela transforma caixas de arquivo em arte. No início dos anos 70, a preocupação com o planeta Terra fez com que ela se interessasse pelos princípios cartográficos da Geografia e em “Gavetas de Memórias” as caixas de ferro servem de suporte para a artista trabalhar o que é território, escala, limite e ideologia política.
O mundo que nos é apresentado é todo feito a partir de mapas de chumbo e cobre fixados nas gavetas com cera pura de abelha. Um documentário revela o processo manual da artista durante sua criação, que se assemelha muito com um ritual. No vídeo, ela conta também como surgiu a ideia de usar este tipo de material. A exposição me colocou em contato com o meu mundo interno e com o de Geiger em questão de minutos. Para quem não conhece seu trabalho, a exposição permanece na Caixa Cultural até 13 de maio, das 9h às 19h. A entrada é gratuita. Praça da Sé, 111. Já a exposição do Tom Zé fica até 20 de maio.
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