Um homem matou cincopessoas, deixou três feridas e cometeu suicídio após uma missa na Catedral Metropolitana, no Centro de Campinas, no Interior do Estado, na terça-feira (11). Ele esperou o final da celebração e disparou cerca de 20 tiros. Uma bárbarie.
O atirador chegou a trabalhar no Ministério Público. Segundo a Polícia Civil, ele fez tratamento de depressão, era recluso, morava com os pais e tinha um “perfil estranho”.
As imagens do ataque são desesperadoras. A tragédia chocou o País. Se antes esse tipo de barbárie chegava à casa das pessoas apenas por meio de notícias vindas de longe, do exterior, principalmente dos Estados Unidos, agora a sensação é de que o perigo está mais próximo.
O ataque à Catedral de Campinas ocorre a apenas 20 dias da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro. E, não à toa, o assunto político foi abordado por especialistas após as mortes dentro da igreja. Afinal, Bolsonaro ganhou a eleição com o discurso de que facilitará o acesso a armas de fogo aos brasileiros e, para isso, contou com o apoio da Bancada da Bala no Congresso Nacional.
O objetivo é que todo “cidadão de bem” possa ter uma arma em casa para se proteger. O problema é que especialistas alegam que esse tipo de argumento é muito frágil e raso. O atirador de Campinas poderia ser encarado como um “cidadão de bem”, afinal e não tinha nenhum antecedente criminal e não apresentava comportamento transgressor.
Não é simplesmente permitindo que as pessoas tenham a posse de uma arma em casa que o problema da segurança pública será resolvido no Brasil. É evidente que o medo da violência assombra todos os brasileiros. Pior é a sensação de que o Estado não tem capacidade de proteger os cidadãos. Esse, inclusive, foi um dos motivos de Bolsonaro, capitão reformado do Exército, ter sido eleito. Mesmo assim, 55% da população, ou seja, a maioria dos brasileiros, é contra o acesso às armas. O dado foi apontado pelo Datafolha em pesquisa realizada em outubro. A razão ao veto é que as pessoas acreditam que as armas representam ameaça à vida dos outros.
O atirador de Campinas tinha uma pistola 9 mm e um revólver calibre 38. As duas armas estavam com as numerações raspadas. Dados obtidos pelo Instituto Sou da Paz revelaram que são vendidas seis armas por hora no Brasil. Até agosto, já haviam sido comercializadas mais de 34 mil armas este no ano no País.
Para se ter ideia, estão nas mãos de civis mais de 600 mil armas no Brasil. Isso, no entanto, não significa que as pessoas estão mais seguras. Muito pelo contrário. Sob o argumento que todas as essas armas são para garantir a “legítima defesa” dos cidadãos, cada vez se mata mais no Brasil. Sem contar, é claro, no aumento no número de atentados violentos no Brasil, como o ocorrido terça-feira, em Campinas.
O Brasil precisa de uma política efetiva de combate à violência, que passa pelas organizações criminosas e melhorias na Educação e na geração de emprego. Entregar armas nas mãos dos brasileiros, definitivamente, não é a solução.
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