Acidente com avião da TAM em Congonhas completa 16 anos

Nessa segunda-feira, dia 17 de julho, o acidente com o avião da TAM em Congonhas, completará 16 anos. Considerado o maior da história da aviação brasileira, completará, o acidente matou 199 pessoas. Doze delas, após contato com o solo.

O Airbus A320 da TAM [hoje Latam] saiu de Porto Alegre com destino à São Paulo [Congonhas], mas por conta da pista molhada e uma reforma recente a qual ainda estava sem grooving, que são as ranhuras que facilitam a frenagem do avião, a manobra do pouso não foi bem sucedida.

O avião acabou atravessando a pista e batendo em um prédio de cargas da própria Companhia (TAM), localizado em frente ao aeroporto. O Airbus acabou explodindo e pegando fogo com a colisão.

Até agora ninguém foi responsabilizado. Em 2015, a Justiça Federal acabou absolvendo a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu, o então vice-presidente de operações da TAM, Alberto Fajerman, e o diretor de Segurança de Voo da empresa na época, Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro, que haviam sido denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por “atentado contra a segurança de transporte aéreo”, na modalidade culposa. Para a Justiça, os réus não agiram com dolo (intenção).

A Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAM JJ3054 (Afavitam) foi criada em outubro daquele mesmo ano. O acidente foi investigado por três órgãos. Um deles, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica, concluiu que uma série de fatores contribuíram para a tragédia. O relatório do Cenipa constatou, entre vários pontos, que os pilotos movimentaram, sem perceber, um dos manetes [que determinam a aceleração ou reduzem a potência do motor] para a posição idle (ponto morto) e deixaram o outro em posição climb (subir). O sistema de computadores da aeronave entendeu, equivocadamente, que os pilotos queriam arremeter (subir).

O documento também relata que não havia um aviso sonoro para advertir os pilotos sobre a falha no posicionamento dos manetes e que o treinamento da tripulação era falho: a formação teórica dos pilotos, pelo que se apurou na época, usava apenas cursos interativos em computador. Outro problema apontado é que o copiloto, embora tivesse grande experiência, tinha poucas horas de voo em aviões do modelo A320, e que não foi normatizada, na época, a proibição em Congonhas de pousos com o reverso (freio aerodinâmico) inoperante [ponto morto], o que impediria o pouso do avião nessas condições em situação de pista molhada.

O Cenipa, no entanto, não é um órgão de punição, mas de prevenção. Ele não aponta culpados, mas as causas do acidente. O relatório sobre o acidente, portanto, dá informações e 83 recomendações para que tragédias como essa não se repitam.

Esse relatório feito pela Aeronáutica contribuiu para outras duas investigações, feitas pela Polícia Civil e pela Polícia Federal, que levaram, no entanto, a conclusões bem diferentes sobre os culpados.

A Polícia Civil decidiu indiciar dez pessoas pelo acidente, entre elas, funcionários da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da companhia aérea TAM. Após o indiciamento policial, o processo foi levado ao Ministério Público Estadual, que incluiu mais um nome e denunciou 11 pessoas pela tragédia.

No entanto, essa denúncia da promotoria não foi levada à Justiça estadual. O processo acabou sendo remetido ao Ministério Público Federal (MPF) porque, no entendimento do promotor, o caso se tratava de crime de atentado contra a segurança do transporte aéreo, de competência federal. Com isso, a Polícia Federal começou a investigar o caso e, ao final desse processo, decidiu indiciar apenas os dois pilotos, Kleyber Lima e Henrique Stefanini Di Sacco, pela tragédia.

O inquérito da Polícia Federal se transformou em denúncia e, nesse documento, que foi aceito pela Justiça, o procurador Rodrigo de Grandis decidiu, ao contrário do indiciamento feito pela Polícia Federal, denunciar três pessoas pelo acidente: Denise Abreu, Alberto Fajerman e Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro, que acabaram sendo absolvidos pela Justiça.

Em 2017, o Ministério Público Federal informou que não iria recorrer da decisão que absolvia os réus.

Acidente com avião da TAM em Congonhas completa 16 anos
Maria Adelli, de 75 anos, mora na região e se recorda do acidente

Maria Adelli, de 75 anos, mora há 40 na região de Congonhas, bem próximo a onde o acidente aconteceu e se lembra da tragédia até hoje. “Nós estávamos em casa. Não sabíamos se o avião estava decolando ou se estava pousando.

O barulho foi muito forte e quando nós ouvimos, fomos na varanda e vimos a calda do avião. Aí a gente desceu correndo. Depois nós descobrimos que ele estava pousando. Quis fazer o retorno, mas passou direto. Não conseguiu parar”. ”, contou à equipe de reportagem do Jornal Ipiranga News.

Adelli disse também, que no prédio onde reside, moravam comissários de bordo e umas mulheres que eram de Santa Catarina e ficaram desesperadas, pois uma irmã, comissária, viria do Sul no dia e – até então – ninguém sabia sobre o ocorrido. “Nós todos corremos e descemos, mas voltamos, pois podia explodir”.

Ainda, segundo ela, o fogo se alastrou depois que tangues de gasolina e os pneus começaram a explodir. Até então, “não era esse fogo tão grande”.

“A gente lembra quando é o dia 17 (de julho). Fica chateado. Lamenta. Morreu tanta gente. Vizinhos contavam que ouviam gente gritando de dentro do prédio danificado, algumas pessoas foram regatadas”, expressou ainda.

Fonte: com informações da Agência Brasil

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