Inaugurado no sábado (15), a área de 25 mil metros quadrados, que se tornou anexo ao Parque da Independência, e agora é uma grande área de lazer, tem uma longa história de luta, determinação e obstinação do advogado Valdir Abdallah. Desde o início da década de 90, quando Abdallah se posicionou contra a construção de várias torres de apartamentos de alto padrão no local, a inauguração da área de lazer, se passaram 33 anos. Durante todos esses anos Abdallah foi um eterno vigilante, para que a área não tivesse outra finalidade que não fosse a de utilidade pública.
Em meados da década de 90, após o antigo convento existente no terreno ser derrubado, a Construtora Gafisa prontamente adquiriu a área e anunciou a construção de um empreendimento de alto padrão.
A notícia, porém, não foi bem vista nem pelos moradores, nem pelo advogado e então superintendente da Associação Comercial, Valdir Abdallah. Ele, então, envolto numa bandeira do Brasil, deu início à luta contra a construção dos edifícios.
“Para poder brecar uma empresa é um tanto quanto difícil. A construtora lutou. Quem é que não luta para poder fazer um prédio aqui? Mas logo minha voz ganhou força junto à comunidade, que percebeu a importância de transformar o local em um parque público. E, com a força do povo, conseguimos brecarmos o projeto”, destacou Valdir, em entrevista ao Jornal Ipiranga News.
À época, Abdala, que também fazia parte da Sociedade Amigos do Museu, conseguiu em pouco tempo convencer os moradores do Ipiranga a realizar plantões – aos domingos – para colher assinaturas junto aos frequentadores do Museu do Ipiranga, contra as interferências da construtora no local.
Em pouco tempo Abdallah ganhou dezenas de adeptos, que se uniram a ele na coleta de assinaturas contra o projeto da Gafisa. Meses depois eram milhares de assinaturas contra a construção dos espigões. Encontros foram realizados com o apoio de toda a comunidade a qual se juntou também grupos de ambientalistas. Após grande luta popular, o bairro conseguiu frear a construtora.
Preocupada em ver seu nome numa briga com ambientalistas e moradores do bairro, a Gafisa, se manteve em silêncio sobre o projeto e, muito se comentou, à época, que a empresa decidiu se livrar do terreno.
Foi então que, em 2005, o prefeito José Serra declarou a área como sendo de utilidade pública, após desapropriá-la no ano anterior. Em 2008, o então prefeito Gilberto Kassab agregou o espaço à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.
De lá para cá a luta foi construir algo ali que fosse benéfico à população, até que se chegasse à ideia de ampliação do Parque da Independência. Muitos estudos foram realizados, obras interrompidas, uma vez que o espaço fazia parte de um sítio histórico.
Foram mais de 23 anos passados após o terreno finalmente ser anexado ao Parque da Independência, mas só agora, as obras finalmente foram concluídas e a população poderá usufruí-lo. Há 15 anos os munícipes aguardavam para utilizar a nova área.
“Convém ressaltar que nós tivemos dois apoios políticos: do Gilberto Kassab e do Serra. O pessoal aqui [no Ipiranga] recebendo o apoio político, deu para fazer tudo isso daqui [as reformas e ampliação do Parque da Independência]”, destacou Abdala.
Atualmente, no entorno do Museu, é proibida a construção de prédios, cuja altura tire a visibilidade do Museu.
Após tanta luta, ao ver a nova área do Parque pronta, com grande presença dos ipiranguistas, Abdala fica emocionado. “A emoção é tremenda, porque daqui a pouco eu não estou mais aqui, mas deixamos isto tudo para as gerações futuras. Tomara que estas gerações futuras cuidem disto tudo. Dessa riqueza”.
Ele frisa ainda que as pessoas precisam zelar pelo Parque da Independência, novo anexo e o Museu do Ipiranga também. “Nós temos que cuidar. Porque isso aqui é história [o Museu do Ipiranga e o Parque da Independência], não para o Ipiranga, mas para o mundo todo”, expressou.
Frequentador assíduo da Padaria Big Bread, uma das mais populares do bairro do Ipiranga, dias após a inauguração da nova área do Parque da Independência, um casal de meia idade que tomava café numa das mesas do estabelecimento, ao ver Abdallah, comentou, “olha ele aí, o pai do Parque”.
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