Justamente no dia em que o ministro-interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a vacinação contra a covid-19 no Brasil começa em “janeiro do ano que vem”, o laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford anunciaram horas depois na terça-feira (8) que interromperam temporariamente os testes da vacina. Os testes teriam sido suspensos depois que um dos voluntários, no Reino Unido, apresentou uma reação adversa séria que afetou a sua medula espinhal.
Oficialmente, o laboratório diz que essa parada é uma ação de rotina que acontece quando existe uma enfermidade inexplicável em um dos testes clínicos. Por ser um procedimento considerado padrão, isso assegura a integridade dos testes. Especialistas apontam que é nessa fase que se detectam reações mais raras.
No Brasil, os estudos da vacina estão na fase 3, assim como no Reino Unido, nos Estados Unidos, na Índia e na África do Sul. Efeitos colaterais como febre, dores de cabeça, dores musculares e reações no local da injeção são considerados leves ou moderados. O problema é quando o quadro do voluntário se agrava. Por isso, a postura transparente da Oxford/AstraZeneca foi elogiada.
É inegável que uma notícia como essa tem um forte impacto no cronograma dos testes e no otimismo da população. Apesar de ser mais do que urgente uma vacina contra a covid-19, é fundamental priorizar a segurança das pessoas e a integridade do processo científico. Todos os padrões internacionais da medicina devem ser respeitados com o mais alto rigor. Nenhum passo em falso pode ser dado que comprometa a segurança do imunizante. Qualquer vacilo pode representar um risco enorme à população mundial.
No Brasil, os estudos da vacina do laboratório AstraZeneca envolvem 5 mil voluntários e uma das entidades responsáveis pelos testes é a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Muitos voluntários já receberam até uma segunda dose e, até agora, não foram registradas intercorrências graves aqui. De qualquer forma, é precipitado anunciar que vamos ter vacina em outubro, novembro ou dezembro. Enfim, colocar uma data fixa.
O Ministério da Saúde aposta alto na vacina Oxford/AstraZeneca para imunizar a população. Não à toa, prevê desembolsar R$ 1,9 bilhão para ter 100 milhões de doses da vacina: a ideia é que as primeiras 30 milhões de doses importadas sejam oferecidas para a população no começo do ano que vem e outras 70 milhões de doses serão produzidas na sequência pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
No Brasil, atualmente, além da vacina de Oxford, outros três imunizantes têm autorização para a fase final de testes no País: um da americana Pfizer com a alemã BioNTech; outro desenvolvido pela chinesa Sinovac e testado com o Instituto Butantan; e o desenvolvido pelo grupo Johnson & Johnson.
Não estamos em uma corrida louca para desenvolver a vacina, ver quem chega primeiro. O mais importante é toda a população ter acesso a vacinas seguras e eficazes.
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