A corrida pela vacina contra o novo coronavírus está mobilizando milhares de pessoas em todo o mundo, mas é preciso ter muito cautela. Nesta quarta-feira (5), por exemplo, o Ministério da Saúde anunciou que pretende comprar “a primeira vacina que chegar ao mercado”, independentemente do país que a produzir.
Ainda não há nenhuma vacina com garantia de 100% de eficácia no combate à covid-19. Vale lembrar que o Instituto Butantã participa do desenvolvimento da vacina contra o novo coronavírus Coronavac junto com a empresa chinesa Sinovac Biotech e já iniciou os testes em humanos. O Ministério da Saúde também já realizou reuniões sobre vacina em teste na Rússia. A aposta do governo do presidente Jair Bolsonaro, no entanto, é no modelo desenvolvido pela farmacêutica britânica AstraZeneca e a universidade de Oxford. São esperadas 100 milhões de doses desta vacina. Não custa lembrar que, nesse momento, tudo não passa de apostas.
O que não pode haver é disputa política em torno da vacina. É inadmissível que a militância de Bolsonaro, por exemplo, ataque a vacina testada no Butantã por ser uma bandeira do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), adversário político do presidente. O mais importante é salvar vidas.
A imunização em massa da população brasileira ainda está longe de ser alcançada. Quando a vacina, enfim, estiver pronta, a prioridade será dada a profissionais de saúde e pessoas de grupos de risco, como idosos. Vai demorar para chegar à toda população.
Também não cabe em um momento como esse que estamos vivendo, em meio a uma pandemia, ideias descabidas. Nesta semana, surgiram defensores da aplicação de ozônio, pelo ânus, como forma de tratamento para o novo coronavírus.
Esta medida não tem nenhuma evidência científica e médicos analisam com preocupação a aplicação retal de ozônio. Não há base científica ou até mesmo lógica. Não temos nenhum medicamento comprovadamente eficaz e seguro nem para a prevenção nem para o tratamento da doença. Médicos, inclusive, estão proibidos de prescrever ozonioterapia dentro de consultórios e hospitais, à exceção de estudos de caráter experimental.
Ações preventivas continuam sendo fundamentais, como medidas de distanciamento entre as pessoas, o uso de máscaras de proteção facial, além de lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou usar o álcool gel a 70%. Enquanto, a vacina não chega, o melhor é todo mundo ficar em casa, sair apenas quando realmente for necessário, se cuidar e respeitar as orientações das autoridades sanitárias.
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