Estão marcadas para o próximo domingo (dia 15) Brasil manifestações em todo o país convocadas à princípio para protestar contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) e apoiar o presidente Jair Bolsonaro. O anúncio dos atos provocou discussões tensas entre autoridades dos três poderes da República por ter se inspirado em declarações do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, de que parlamentares estavam chantageando o Executivo.
Lideranças políticas e militares se apressaram em ressaltar a importância de se defender a democracia, antes de tudo. É difícil prever a repercussão dos atos. Há quem defenda a necessidade de se cancelar os eventos para evitar aglomerações devido _à ameaça do Coronavírus.. Já o alto investimento de empresários favoráveis ao governo que pagam a convocação via redes sociais pode radicalizar o movimento.
O fato de o próprio presidente ter se tornado um incentivador dos protestos contribui para insuflar seu grupo mais radical de aseus poiadores a pedirem o fechamento do Legislativo, até a intervenção militar, com destituição de ministros da mais alta corte de Justiça. Como a toda ação, corresponde uma reação, movimentos anti-governo também planejam ir às ruas, defender as instituições e pedir até o impeachment de Bolsonaro.
Esse cenário de polarização não interessa aos brasileiros. O momento de crise que o mundo enfrenta exige que o país se una e esqueça os discursos de ódio que têm marcado a política nacional.
O Brasil tem uma história marcada por manifestações de ruas, sempre pautadas pelo respeito às leis e em favor da democracia. Vale lembrar a campanha das Diretas Já, no anos 80, quando o objetivo era dar ao povo o direito de voltar a escolher o presidente da República. Multidões se reuniram em todo o País em demonstrações de civismo e de amor à democracia. Mesmo a frustração de ter de esperar mais cinco anos pela plenitude democrática levou a campanhas contra as instituições como as que se acompanha atualmente.
Historiares ensinam que a destituição da ex-presidente Dilma Roussef, através de um polêmico impeachment em 2016, teve origem na insatisfação popular demonstrada nas ruas em 2013. Com exceção de uma minoria extremada, as ruas não pediam ataque às instituições democráticas. Não há dúvida que o impeachment foi uma ação política e os defensores de Dilma têm o direito de chamar a ação de golpe, porém o ritual previsto na Constituição foi seguido.
A revista Veja publicou pesquisa do Instituto Paraná feita com 2.002 brasileiros em 160 municípios para saber se a conduta de Bolsonaro de pedir a participação dos seguidores nas ruas é certa e se ajuda o Brasil. 52,2% dos entrevistados, dizem que ele age errado ao apoiar os protestos, contra 40% que consideram certo. Para 57,1% dos entrevistados, a ação hostil do presidente contra os congressistas é ruim para o país. Nessa área, 35% acreditam que a briga entre poderes é boa ao Brasil.
Sabemos que no Congresso Nacional existem parlamentares indignos de lá estar, podemos discordar de decisões tomadas no Supremo Tribunal Federal, mas isso são erros que se corrigem pela via democrática. É nas urnas que devemos escolher nossos caminhos.
Ir às ruas é um direito de todo cidadão, mas elas não podem ser usadas para divulgar ideias que afrontem as regras democráticas. O Brasil só será melhor, se os membros do Executivo, Legislativo e Judiciário se preocuparem em servir ao povo, deixando interesses pessoais e seu apego ao poder e à mordomias de lado.
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