Passada a eliminação do Brasil na Copa do Mundo, é hora de lamber as feridas, juntar os cacos e pensar no futuro. O caminho a ser percorrido é longo e tortuoso até o Mundial de 2022, no Catar. A seleção, que após o vexame do 7 a 1, o desserviço prestado por Dunga e o escândalo de corrupção que atingiu em cheio a alta cúpula da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), esteve muito próxima do fundo do poço, melhorou um pouco, mas não o suficiente para voltar ao topo do mundo.
A intenção da CBF de manter Tite no cargo é louvável. Não há opção melhor para comandar o futebol brasileiro neste momento. É inegável que a seleção que Tite entrega após a eliminação na Copa da Rússia é muito melhor do que a que ele recebeu de Dunga em 2016, quando o risco de nem se classificar para o Mundial era real. Nos últimos dois anos, o Brasil evoluiu e passou a jogar melhor. Foi derrotado para a Bélgica porque o adversário foi melhor.
A ótima campanha nas Eliminatórias Sul-Americanas só serviu para mostrar que o Brasil está um patamar acima de seus frágeis vizinhos Colômbia, Peru, Argentina e Uruguai, todos também já eliminados da Copa. Contra as melhores seleções do mundo, o Brasil ainda está atrás e não consegue competir em condições de igualdade.
A Copa da Rússia deixou muito claro que a distância entre as seleções que formam o pelotão de elite do futebol e aquelas do bloco intermediário diminuiu – e muito – nos últimos anos. Não tem mais essa história de favoritismo. Vide o exemplo do Brasil, que caiu diante da Bélgica. Antes, já haviam sido eliminadas Argentina e Alemanha. Isso, sem contar as tradicionais Holanda e Itália, que nem conseguiram se classificar para a Copa.
O sinal de alerta foi ligado na CBF. Os cartolas já perceberam que o Brasil não domina mais o futebol como antigamente. Não temos mais craques do calibre de Pelé, Mané Garrincha, Tostão, Ronaldo, Zico… Agora, só resta Neymar, que ainda não conseguiu se colocar no patamar dos grandes jogadores da história do futebol brasileiro. Neymar, inclusive, que pretendia terminar a Copa como melhor jogador do mundo, saiu em baixa, ridicularizado pela imprensa internacional por exagerar nas simulações de dor a cada falta recebida.
O futebol brasileiro precisa ser passado a limpo, a começar pelas categorias de base. Ou o Brasil volta a revelar bons jogadores ou a seca de títulos mundiais vai continuar por muitos anos e, quem sabe, até décadas.
É necessidade urgente fortalecer os clubes. O Brasil é um país com dimensões continentais. O poder do futebol não pode ficar nas mãos só dos cartolas. São os clubes que fomentam o futebol nacional. A luta começa dentro de casa. O poder maior tem de ser dos atletas, que atuam em mais de 700 clubes de todo o Brasil. Se a CBF olhar só para os grandes clubes, vai matar o nascedouro de atletas.
Antes de pensar no Catar, é preciso olhar para os problemas internos do futebol. Só assim é que voltaremos a honrar as tradições de único país pentacampeão do mundo.
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